Bebiana Rocha
O programa de talks da MOD’Unica tocou em várias áreas importantes para a indústria têxtil e vestuário portuguesa, entre elas a produtividade com automação de processos. Milton Cabral, do CITEVE, Paulo Cunha, da AllCost, e Nuno Sousa, da Impetus, abordaram no âmbito do projeto DIGI4Fashion, exemplos práticos de como a ITV pode evoluir nesta área.
Milton Cabral começou por fazer um enquadramento sobre como a indústria perceciona as novas tecnologias. Daqui realçamos números como: apenas 6% das empresas utiliza os dados do chão de fábrica na tomada de decisões, menos de 12% das empresas utiliza sistemas de informação integrados, mais de 70% não se sentem preparadas para adotar novas tecnologias, nem têm uma estratégia formal para o digital. Estes dados são baseados num questionário feito a 34 empresas na última edição do Modtissimo, em setembro de 2024.
O objetivo do projeto DIGI4Fashion é precisamente melhorar estes resultados e tornar-se uma referência para as empresas na disseminação e adoção de tecnologias digitais avançadas, através da oferta de serviços de experimentação de tecnologias. O consórcio oferece consultoria e mentoria às empresas interessadas, definição do piloto, afetação de recursos e pode ajudar a conseguir a comparticipação de projetos neste âmbito até 70% para investimentos não superiores a 15 mil euros.
Paulo Cunha do departamento de sistemas de informação da AllCost partilhou com os presentes como a digitalização de processos pode ser feita com um investimento reduzido, mas a ter um grande impacto na organização. Um dos exemplos dados foi o uso de sheets compartilhadas, que permitiu não só reduzir o fluxo de emails com CC confusos para vários departamentos como também reduzir o uso de papel, encurtar tempos e custos de retificação de encomendas, para além de garantir sempre uma total acessibilidade à informação.
Já Nuno Sousa, designer gráfico na Impetus, partilhou o projeto de ‘Digitalização e Quantificação da Cor’. O responsável afirmou que é a única tinturaria em Portugal que usa este tipo de processo de labdips digitais e acredita que é também a única no mundo a trabalhar diretamente com a DMIX. Durante a sua intervenção Nuno Sousa sublinhou que ainda há melhorias a fazer, mas que esta decisão permitiu evitar milhares de labdips por ano que são enviados fisicamente para aprovação, o que traz enormes poupanças à organização.