Bebiana Rocha
Christian Schindler, diretor-geral da ITMF, partilhou na passada terça-feira os resultados do questionário feito este mês de novembro à indústria têxtil e vestuário global. Os números mostram uma estagnação nos negócios e expectativas para os próximos seis meses positivas, entre outras conclusões relevantes, que apresentamos abaixo.
A quota da China no mercado global de vestuário está a diminuir, o que tem beneficiado países como o Bangladesh, Vietname e Cambodja. Todavia, as exportações têxteis da China permanecem em alta devido aos fortes investimentos em maquinaria.
Ao contrário do que se tem falado, o reshoring não está a acontecer e o near-shoring não está a avançar à velocidade esperada, sobretudo no vestuário tem avançado lentamente. Veja-se o exemplo da H&M que produz apenas 15% do seu total em países próximos, que comparam por exemplo com os 40% de produção Europeia da Inditex.
Entre os bons indicadores está a sustentabilidade no centro das prioridades das marcas e uma expansão do mercado de segunda mão. O relatório realça um potencial de crescimento do mercado de roupa usada, podendo atingir os 350 mil milhões de dólares em 2028. Na área da digitalização também há avanços consideráveis, o survey inclui já a penetração da IA nas empresas.
Dos dados apresentados por Christian Schindler, salta ainda à vista duas regiões que têm vivido um período bom: América do Sul e Norte de África, sobretudo na área da confeção.
Quanto às preocupações dos empresários são neste momento a geopolítica e a baixa procura dos consumidores, contrariando as anteriores preocupações de falta de mão de obra, inflação e custos logísticos.
O cancelamento de encomendas, que não tem sido um problema desde o fim da pandemia, foi outro dos pontos analisados, seguido dos inventários – “os retailers não estão a diminuir os seus inventários o que é um sinal de esperança”, disse.
Schindler citou ainda um estudo da McKinsey onde se vê o crescimento das margens de lucro ao longo dos anos, sobretudo na área do luxo. Sobre a concorrência desleal da Temu e da Shein, o representante da ITMF sugeriu aprendermos com eles o on demand para resolver os problemas de over stock e out of stock, que continuam com números altos.