03 junho 25
Sustentabilidade

Bebiana Rocha

Moda Circular na Europa pode gerar 31 mil milhões de euros

A Circular Fashion Federation e a KPMG, através do seu Global Strategy Group e do ESG Center of Excellence, desenvolveram um estudo intitulado Estado e Perspetivas da Moda Circular na Europa, com o objetivo de sublinhar a urgência de transformar a indústria. A publicação oferece uma visão abrangente do panorama e das perspetivas da moda circular na Europa, estruturadas em quatro pilares: reinventar, reparar, reutilizar e reciclar.

O estudo foi conduzido com insights de dez países europeus, incluindo Portugal. Foram ouvidos 40 especialistas provenientes de empresas de moda como o grupo Kering, marcas como a H&M, Prada e Decathlon; plataformas de venda em segunda mão como a Vinted e a Recovo; empresas de reciclagem e gestão de resíduos, entre as quais o Boer Group e a European Recycling Industries Confederation; bem como fornecedores de tecnologias, academias, consultores, associações e federações.

A principal novidade revelada pela publicação é o potencial do mercado da moda circular, que poderá gerar 31,3 mil milhões de euros e criar 88 500 empregos até 2030.

O pilar “reinventar” foca-se no design sustentável, na durabilidade e na reciclabilidade. Com 80% do impacto ambiental de um produto determinado na fase de design, a reinvenção permite atuar a montante e reduzir a pegada ecológica, lê-se no estudo, que acrescenta ainda uma nota positiva sobre a regulação do ecodesign e a introdução do passaporte digital de produto (DPP).

Já a reparação, segundo o estudo, tem o potencial de prolongar a vida útil de uma peça em 2,2 anos, reduzindo a sua pegada de carbono, água e resíduos até 73%. Estima-se que o mercado europeu de reparação possa crescer para 3,7 mil milhões de euros em 2030, criando 12 800 postos de trabalho.

No que respeita à reutilização, o mercado de segunda mão deverá atingir os 26 mil milhões de euros até ao final da década e gerar 66 000 empregos. Por sua vez, a reciclagem apresenta um potencial estimado de 1,6 mil milhões de euros até 2030, com a criação de 3 500 empregos, embora enfrente ainda barreiras técnicas e estruturais significativas.

O estudo conclui que a transição para a moda circular ainda carece de casos de negócio reais e enfrenta sérios desafios em termos de escalabilidade e custos iniciais elevados. Contudo, aponta oportunidades relevantes, como a importância de a Europa assumir a liderança na criação de quadros regulamentares, o potencial das marcas em ganharem com a transparência e durabilidade dos produtos — aspetos que podem aumentar a lealdade dos consumidores — e a criação de novas fontes de receita através de serviços de reparação e revenda.

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