29 janeiro 25
Associativismo

Bebiana Rocha

Mário Jorge Machado: “Estamos cautelosamente otimistas”

O jornal regional Opinião Pública destacou na sua última edição uma entrevista com o presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. Mário Jorge Machado tocou nos principais desafios da indústria, mostrando-se com expectativas “cautelosamente otimistas quanto à recuperação gradual do têxtil”.

A afirmação vem no seguimento da descida das taxas de inflação e de juro, que tem contribuído para melhorar a confiança dos consumidores. “Importa referir que a retração vivida na indústria portuguesa ficou muito abaixo da retração do consumo nos mercados de destino, permitindo às nossas empresas ganhar quota de mercado”, contrapôs, quando questionado sobre a quebra das exportações do sector em novembro passado.

A quebra de cerca de 4% deriva, entre outros fatores, desta retração do consumo global, mas também da concorrência desleal que os produtos europeus enfrentam. “Esperamos que os consumidores cada vez mais informados e conscientes valorizem os produtos responsáveis e sustentáveis, beneficiando a economia europeia e nacional”, comentou, apontando a circularidade como a principal oportunidade para criar diferencial competitivo.

Durante a entrevista, falou-se também sobre o Orçamento de Estado não responder de forma abrangente às necessidades estruturais do sector. “As empresas continuam a enfrentar uma carga fiscal significativa, elevadas barreiras administrativas e burocráticas, custos energéticos elevados, políticas públicas que não fomentam a produtividade empresarial”, denunciou. Sublinhando o papel da Associação em continuar a fazer forcing junto do poder político para promover políticas públicas que propiciem a inovação, o crescimento da economia nacional.

A entrevista serviu ainda para colocar as atenções na importância de requalificar os trabalhadores e atrair novos talentos para a indústria, em consonância com intervenções anteriores. Aqui, Mário Jorge Machado afirmou convictamente que o futuro passa pela “automação, robotização, processos que exigirão menos trabalhadores, mas com perfis muito mais especializados”, é preciso que se faça essa transição – o ajuste da oferta e da procura, para ter profissionais competentes. “Para o sector prosperar, é essencial que as empresas tenham liberdade para se adaptarem”, conclui.
Questionado sobre ser o seu último ano de mandato enquanto presidente, Mário Jorge Machado focou em qual deve ser o papel do próximo líder: “o futuro líder deverá dar continuidade ao trabalho de alinhar a ATP com as tendências globais e políticas nacionais e europeias, continuar a trabalhar para garantir que as políticas públicas apoiam efetivamente a competitividade do sector”.
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