9 Fevereiro 2017
Formação

Raposo Antunes

Maria Modista tem sete escolas para acolher novas ideias

Podem fazer tudo – desde uma bolsa a um bikini ou um vestido de cerimónia. É só trazer ideias. É assim que Filipa Bibe explica a matriz da escola de costura Maria Modista que fundou em Lisboa há cinco anos com a colega e amiga Patrícia Pinto.

“É um projecto de duas contabilistas fartas da profissão cinzenta (uma mais do que a outra). Foi mesmo a busca da paixão pelo trabalho que motivou este conceito”, diz.

Filipa Bibe virou-se para este novo projecto porque “contabilidade não era de todo a profissão para a vida” e Patrícia Pinto “continua a gerir a empresa de contabilidade de que tanto gosta”.

Inicialmente a Maria Modista partilhava as instalações com a empresa de contabilidade “e o investimento não foi enorme”. “Daí recorrermos a capitais próprios”, sublinha Filipa Bibe.

A grande procura levou à abertura de novas escolas. “Temos duas em Lisboa (Alameda e São Sebastião da Pedreira), uma no Porto, no Estoril, Almada, Leiria e Coimbra”, adianta.

“Damos workshops temáticos de um dia, cursos mensais com aulas livres e agora Lisboa e Porto já têm cursos certificados para quem quiser seguir a área”, explica Filipa Bibe.

A Maria Modista não é propriamente uma escola de costura tradicional. “Mudámos essa ideia que associava a costura a pessoas mais velhas. A grande maioria dos nossos formandos são jovens”diz. E acrescenta: “Muitos vêm apenas descontrair e fazer roupas diferentes das das lojas, para eles ou filhos, outros criam marcas e vendem, criando o seu próprio emprego, outros vêm tirar dúvidas e consolidar conhecimentos das cadeiras da faculdade. Mas também temos as avós que vêm fazer roupas para os netos”.

Joana Monteiro, 33 anos, é uma das três formadoras da escola Maria Modista do Porto, que arrancou em Novembro de 2014, na rua do Almado, em pleno coração da baixa portuense.

Esta formadora, que tirou o curso no antigo Citex, adianta que só nesta escola estão actualmente em formação entre 40 a 50 pessoas.

Desde o início do ano, passaram também a formar, sobretudo mulheres, com cursos certificados que permitem entrar essas diplomadas no mercado de trabalho normal. “Os cursos certificados, que se iniciaram em Janeiro, têm um número de horas de formação que varia entre as 30 e as 70 horas”, explica.

“A primeira parte desses cursos é iniciação à costura, depois aprendem a fazer calças, saias, camisas, e outras peças de roupa”, diz. “O diploma permite-lhes encontrar mais facilmente trabalho”, acrescenta, isto numa altura em que surgem amiúde anúncios de oferta de emprego nesta área.

Até Janeiro deste ano, a essência da Maria Modista no Porto era completamente distinta. Nos cursos livres participavam sobretudo jovens entre os 20 e 30 anos. “Não procuravam a escola à procura de um diploma: era sobretudo um hobby”, sublinha Joana Monteiro. O número de horas de formação era variável e escolhido pelos próprios alunos – “Olhe tenho aqui duas alunas já há dois anos”.

Mas havia também em alguns desses formandos a ideia de criarem as próprias marcas. “Foi assim que nasceram as marcas Burguesa, a West Valley e a Naji”, dá como exemplo esta formadora do Porto.

Essas três marcas já estão no mercado, vendendo sobretudo a partir das redes sociais.

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