Bebiana Rocha
Imagem: Loro Piana
A marca italiana de luxo Loro Piana foi colocada sob administração judicial esta semana, na sequência de um caso de abusos laborais detetados na sua cadeia de fornecimento. A medida, que inclui monitorização fiscal durante um ano, foi anunciada pela Reuters com base num comunicado oficial.
O caso teve origem em maio, quando os Carabinieri da unidade de proteção laboral de Milão detiveram o proprietário chinês de uma fábrica localizada nos subúrbios a noroeste da cidade. A operação teve início após a denúncia de um trabalhador, que afirmou ter sido agredido ao exigir o pagamento de 10 mil euros em salários em atraso.
Segundo a polícia, a fábrica – entretanto encerrada – produzia casacos de caxemira para a Loro Piana. Os dez trabalhadores chineses da unidade, cinco dos quais imigrantes em situação irregular, eram obrigados a trabalhar 90 horas por semana, sem descanso semanal, a receber apenas 4 euros por hora. Viviam ainda em divisões ilegais dentro da própria instalação, em condições indignas.
De acordo com o comunicado citado pela agência, a Loro Piana subcontratava a produção a duas empresas, que, sem capacidade interna para responder à encomenda, redirecionaram o trabalho para terceiros, violando obrigações contratuais.
A Loro Piana já reagiu publicamente, esclarecendo que terminou a colaboração com esse fornecedor em maio, logo que teve conhecimento dos factos, e declarou que a subcontratação foi feita sem o seu conhecimento, em violação dos contratos estabelecidos.
Este é já o quinto caso em 18 meses a envolver marcas de luxo ou de gama alta em Itália, no seguimento de investigações semelhantes. Marcas como a Valentino e a Dior também já foram notificadas por infrações relacionadas com a sua produção subcontratada.
A situação levanta novamente o debate sobre o controlo efetivo das cadeias de fornecimento e a credibilidade ética das marcas de luxo, que enfrentam uma crescente pressão para garantir condições de trabalho justas e transparentes em toda a sua cadeia produtiva.