Bebiana Rocha
Na passada semana, a KPMG participou na sessão ESG: O impacto para a indústria têxtil, onde Daniela Amorim, da consultora, abordou o impacto da iniciativa Omnibus, questionando se esta representa um verdadeiro ganho de agilidade ou uma mera recalibração de metas.
Durante a sua intervenção, Daniela Amorim apresentou um estudo recente em desenvolvimento pela KPMG, que analisa 300 relatórios de sustentabilidade de grandes empresas, incluindo empresas têxteis portuguesas como a Riopele e a Tintex. Este relatório, a publicar em breve, permitirá conhecer as principais tendências e convergências de posicionamento em matéria de sustentabilidade no setor.
A responsável começou por destacar os principais desafios da atualidade: sustentabilidade, fast fashion e promoção do bem-estar social. Enquadrou ainda a iniciativa Omnibus como uma oportunidade para as PME se prepararem e definirem uma estratégia, recordando, no entanto, que, sendo parte da cadeia de valor das grandes empresas, estas devem continuar a reportar os seus dados.
Identificou três grandes oportunidades para o setor têxtil: a inteligência artificial, as novas matérias-primas sustentáveis e a economia circular e fluxos de comércio livre. Sublinhou, por diversas vezes, a complexidade da cadeia de valor têxtil e destacou que, mesmo assim, existem temas mínimos que devem ser considerados pelas PME, como a energia, a água, a economia circular e os resíduos. Acrescentou ainda que o pilar social assume agora um peso distinto, sendo fundamentais as condições de trabalho, o direito à formação e a segurança do consumidor final.
Com base em dados da S&P Global, SASB e MSCI, a oradora apresentou as principais tendências setoriais, entre elas a transição climática, produtos e serviços sustentáveis, matérias-primas, relações com os clientes, atualidade e segurança dos produtos, cadeia de valor, materiais sustentáveis, aprovisionamento de matérias-primas e pegada de carbono. Mencionou também as certificações base ISO 9001, ISO 14001-2025 e ISO 45001-2018.
Durante a sessão, realizada no Laboratório da Paisagem, em Guimarães, foi ainda debatida a questão da taxonomia, considerada por Daniela Amorim como “muito densa e, por vezes, com pouco valor acrescentado”, sobretudo quando comparada com a relevância de um bom relatório de sustentabilidade. Um report bem elaborado pode conter até 1050 datapoints. Para as PME, aconselhou o arranque com um relatório simplificado, sugerindo um modelo híbrido que relate o que já existe — uma opção válida para empresas que não necessitem de relatório auditado.
Com vários rankings a alinharem-se com os critérios ESG, como o Ecovadis, CDP, Science Based Targets e B Corp Certified, a especialista reforçou que o cumprimento de determinados requisitos é já essencial para integrar estas classificações. “É preciso começarmos a fazer o caminho, temos dois anos, e a análise de dupla materialidade é o primeiro passo”, concluiu.