Bebiana Rocha
A Direção-Geral de Energia e Geologia organizou, esta quinta-feira, dia 3 de abril, no CITEVE, um seminário sobre Políticas Públicas de Eficiência Energética, onde foram debatidas as políticas públicas na área da energia, com o contributo da CIP, através do seu assessor da direção.
Jaime Braga interveio após António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, e aproveitou o momento para elogiar o setor têxtil e vestuário, “que teve de se especializar muito nos últimos anos”. Reconheceu que algumas empresas desapareceram deste mercado competitivo, mas acredita que “as que ficaram, ficaram melhores”.
No entanto, alertou a plateia para o facto de os critérios de sustentabilidade poderem, em alguns casos, comprometer a eficiência energética, salientando a importância de conciliar a noção de eficiência com as oscilações bruscas que, por vezes, ocorrem nos negócios.
Como exemplo, referiu a CP – Comboios de Portugal, que conseguiu reduzir o consumo de energia não através da implementação de práticas mais eficientes, mas sim pela diminuição da prestação do serviço público: fecharam-se linhas, aumentaram-se as perturbações, e, segundo Jaime Braga, isso é precisamente o que não se deseja – que um negócio encolha.
Reconheceu que o país avança atualmente a várias velocidades e reiterou a necessidade de vencer a batalha da eficiência energética a nível europeu. A Diretiva (UE) 2023/1791 estabelece, entre outras medidas, uma redução de 11,7% no consumo de energia final até 2030, em comparação com 2020, bem como um aumento das economias de energia anuais para 1,5% nos anos de 2026-2027.
Finalizou a sua intervenção sublinhando que “para termos eficiência energética e democratização, tem de haver redes” e reforçou a importância do investimento no biometano. “O hidrogénio já não é para o meu tempo, nem para 2030 ou 2040. O biometano é a solução disponível no imediato. Os investidores existem, o dinheiro existe, mas não está a ser aplicado no terreno. É necessário que o Ambiente dialogue com a Energia e também com a Agricultura, criando um grupo de trabalho. Além disso, é fundamental que o Estado continue a exercer a sua função de fiscalização, pois a bioenergia exige controlo em todas as etapas”, defendeu.
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) e o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) também participaram no painel de discussão do seminário Políticas Públicas de Eficiência Energética.
Patrícia Lages, em representação da ERSE, destacou a importância de as empresas analisarem a ocupação das redes e os períodos horários de maior e menor utilização, uma vez que uma gestão eficiente das redes pode traduzir-se em poupanças nas faturas de energia. “A redução das perdas é também uma forma de eficiência energética”, acrescentou.
Já Susana Viana abordou a gestão inteligente dos recursos, explicando as melhores formas de integrar energias renováveis nos edifícios, com destaque para as vantagens da instalação de painéis fotovoltaicos nas fachadas, aproveitando o calor dissipado para aquecimento. Referiu ainda o desenvolvimento de novos materiais na construção, como os vidros termocrômicos, que mudam de cor conforme a luminosidade.