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Acomodar as subidas do Salário Mínimo Nacional para 750 euros, em 2023, é um dos maiores desafios que se colocam à ITV portuguesa – de acordo com as estatísticas apresentadas no XXI Fórum Têxtil por João Cerejeira, professor da Universidade do Minho.
Nos trabalhadores por conta de outrem (TCO) 0 salário mínimo nacional tem um peso muito elevado na massa salarial das PME do setor – vale 70% nas micro-empresas (até cinco trabalhadores), 66% nas que empregam entre cinco a nove pessoas, e 63% nas que têm entre 10 a 49 colaboradores.
“É um claro sinal de preocupação saber como é que as PME vão conseguir absorver os sucessivos aumentos previstos para o salário mínimo nacional”, alertou João Cerejeira, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e perito cientifico do Centro de Relações Laborais do Ministério do Trabalho e Segurança Social.
Os salários médio e mediano da ITV estão a subir muito acima do que no total do país, mas ainda assim continuam abaixo da média nacional. Entre 2010 e 2017, o salário mediano do conjunto dos trabalhadores portugueses cresceu apenas 6%, (fixando-se em 826 euros/mês) contra 18% na têxtil (727 euros) e 17% no vestuário (627 euros).
A fraca qualificação e envelhecimento dos recursos humanos da nossa ITV são os aspetos mais negativos das estatísticas apresentadas por João Cerejeira.
Apenas 28% dos trabalhadores da indústria têxtil e 18% do vestuário concluíram o secundário, percentagens muito distantes dos 52% da média nacional dos trabalhadores portugueses, que têm pelo menos essa qualificação.
Também preocupante é o facto de apenas pouco mais de um terço dos trabalhadores da ITV (37% no caso da têxtil e 36% no vestuário) terem menos de 40 anos (contra 46% da média nacional).
Em face deste cenário, ser capaz de atrair trabalhadores mais jovens e qualificados é outro dos grandes desafios que se colocam à nossa ITV, segundo o especialista em economia de trabalho da Universidade do Minho.