30 março 20
Empresas

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Isabel Furtado pede ao Governo medidas com visão estratégica

Vice-presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal e administradora da TMG Automotive, Isabel Furtado pede ao Governo que adote medidas que tenham em conta os seus efeitos no futuro. Face ao cenário de uma paragem industrial prolongada e a tentação de acorrer ao imediato de forma impulsiva, é sobretudo preciso hierarquizar prioridades e ter uma visão estratégica, alerta a também presidente da Cotec.

É numa alargada entrevista à edição de fim-se-semana do jornal Dinheiro Vivo, que a líder da TMG Automotive deixa vários alertas, tendo em vista a recuperação da indústria e a retoma da economia, uma vez superado o combate à Covid-19.

“Uma paragem industrial extensa é o cenário mais temido e mais provável. A recuperação será tão rápida quanto a nossa capacidade de sobreviver neste período e as medidas que forem tomadas hoje. As medidas que se venham a implementar terão necessariamente de assegurar o futuro de forma estratégica e não de atender ao imediato de forma impulsiva”, alerta Isabel Furtado.

E continua: “Não podemos apenas olhar para o que é preciso, temos de nos focar no que se pode fazer e hierarquizar as prioridades. Não nos iludamos. A situação das empresas neste momento é muito preocupante porque a capacidade de manter os seus trabalhadores sem escoar produtos já fabricados, sem encomendas, sem vendas de serviços, não é de todo sustentável”.

Mas se a altura “é para conter e enfrentar serenamente as dificuldades”, a gestora alerta que é também preciso “sempre que possível antever soluções”. Um olhar para o futuro que obriga a que “o Estado e as empresas necessitem de desenvolver e rapidamente implementar ações conjuntas para assegurar a continuidade dos negócios”.

E pede também medidas de desburocratização para quando for altura de aplicar os fundos que hão-de apoiar os setores mais afectados por esta crise. “Acima de tudo, teremos de desburocratizar radicalmente a concessão, quer ao nível de linhas de crédito quer de fundos estruturais, nomeadamente alterando a regra de executar a despesa primeiro e receber do Estado depois. Esta abordagem já é seguida nos programas geridos a nível central pela Europa e deve ser, por maioria de razão, adotada pelo Estado nestas circunstâncias”, antevê Isabel Furtado.

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