29 maio 25
Inovação

Bebiana Rocha

Inovação com Inteligência Artificial em debate no iTechStyle Summit

As inovações com base em inteligência artificial estão no centro das atenções de empresas, centros de investigação e universidades. No iTechStyle Summit, a aplicação de IA ao setor têxtil foi o foco de um painel que reuniu Mariana Roque (CITEVE), Helena Macedo (Frejen Wise Solutions) e Fonny Bunjamin (Vestis Lab), que partilharam as suas experiências e reflexões sobre o impacto da IA nos processos criativos e industriais.

Mariana Roque exemplificou as potencialidades da IA aplicadas ao design de roupa, nomeadamente como pode ajudar na prototipagem. Para contextualizar, apresentou uma atividade desenvolvida no âmbito do projeto Texp@ct, que incluiu dois workshops destinados a melhorar competências e testar três ferramentas: Midjourney, Fermat e Firefly.

Durante a apresentação, a investigadora do CITEVE traçou o perfil dos participantes, destacando as principais dificuldades sentidas — com ênfase no controlo dos resultados e na inconsistência das respostas geradas. Ainda assim, foram também destacadas vantagens, especialmente o caráter prático destas ferramentas para alterações de cor ou estampado.

Entre os desafios, Mariana Roque apontou questões de copyright, a perda de exclusividade e originalidade que preocupa os designers, bem como a incerteza relativamente ao retorno do investimento. Deixou ainda um conselho: “Usem a inteligência artificial como inspiração, mas não deixem que seja o resultado final”, garantindo que esta pode trazer celeridade ao workflow.

Helena Macedo apresentou também um trabalho colaborativo no âmbito do projeto Texp@ct, centrado na integração da realidade virtual e aumentada em contexto industrial. Através da criação de uma persona da Riopele — o João, um operador com vontade de melhorar as suas tarefas diárias —, Helena explorou soluções desenvolvidas com IA, como um assistente virtual com acesso à base de dados da empresa, incluindo manuais de máquinas e outros documentos relevantes.

Outros modos foram igualmente criados pela equipa: manutenção e previsão, este último com capacidade de analisar históricos e detetar anomalias, entre outras funcionalidades úteis à indústria.

Fonny Bunjamin, da Vestis Lab, trouxe uma mensagem alinhada com a de Mariana Roque: a IA deve ser reconhecida como uma vantagem competitiva, capaz de acelerar processos. “A IA não é magia, é algoritmos. É uma ferramenta e, como qualquer ferramenta, depende da forma como a usamos, mas bem usada pode amplificar a criatividade e evitar tarefas repetitivas”, afirmou.

Durante a sua intervenção, abordou o papel da IA ao longo da cadeia de valor e reforçou a importância de começar com objetivos concretos: “Não queiram tudo de uma vez, priorizem áreas com um ROI claro, onde tenham tarefas repetitivas. Determinem métricas, é preciso disciplina, expectativas realistas e um feedback robusto. A IA e a criatividade humana não têm de ser opostas”, concluiu.

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