Bebiana Rocha
As inovações com base em inteligência artificial estão no centro das atenções de empresas, centros de investigação e universidades. No iTechStyle Summit, a aplicação de IA ao setor têxtil foi o foco de um painel que reuniu Mariana Roque (CITEVE), Helena Macedo (Frejen Wise Solutions) e Fonny Bunjamin (Vestis Lab), que partilharam as suas experiências e reflexões sobre o impacto da IA nos processos criativos e industriais.
Mariana Roque exemplificou as potencialidades da IA aplicadas ao design de roupa, nomeadamente como pode ajudar na prototipagem. Para contextualizar, apresentou uma atividade desenvolvida no âmbito do projeto Texp@ct, que incluiu dois workshops destinados a melhorar competências e testar três ferramentas: Midjourney, Fermat e Firefly.
Durante a apresentação, a investigadora do CITEVE traçou o perfil dos participantes, destacando as principais dificuldades sentidas — com ênfase no controlo dos resultados e na inconsistência das respostas geradas. Ainda assim, foram também destacadas vantagens, especialmente o caráter prático destas ferramentas para alterações de cor ou estampado.
Entre os desafios, Mariana Roque apontou questões de copyright, a perda de exclusividade e originalidade que preocupa os designers, bem como a incerteza relativamente ao retorno do investimento. Deixou ainda um conselho: “Usem a inteligência artificial como inspiração, mas não deixem que seja o resultado final”, garantindo que esta pode trazer celeridade ao workflow.
Helena Macedo apresentou também um trabalho colaborativo no âmbito do projeto Texp@ct, centrado na integração da realidade virtual e aumentada em contexto industrial. Através da criação de uma persona da Riopele — o João, um operador com vontade de melhorar as suas tarefas diárias —, Helena explorou soluções desenvolvidas com IA, como um assistente virtual com acesso à base de dados da empresa, incluindo manuais de máquinas e outros documentos relevantes.
Outros modos foram igualmente criados pela equipa: manutenção e previsão, este último com capacidade de analisar históricos e detetar anomalias, entre outras funcionalidades úteis à indústria.
Fonny Bunjamin, da Vestis Lab, trouxe uma mensagem alinhada com a de Mariana Roque: a IA deve ser reconhecida como uma vantagem competitiva, capaz de acelerar processos. “A IA não é magia, é algoritmos. É uma ferramenta e, como qualquer ferramenta, depende da forma como a usamos, mas bem usada pode amplificar a criatividade e evitar tarefas repetitivas”, afirmou.
Durante a sua intervenção, abordou o papel da IA ao longo da cadeia de valor e reforçou a importância de começar com objetivos concretos: “Não queiram tudo de uma vez, priorizem áreas com um ROI claro, onde tenham tarefas repetitivas. Determinem métricas, é preciso disciplina, expectativas realistas e um feedback robusto. A IA e a criatividade humana não têm de ser opostas”, concluiu.