Bebiana Rocha
O INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência está a desenvolver um sistema integrado para a remoção automática de acessórios em peças de vestuário, no âmbito do projeto Be@t. Os avanços foram apresentados esta semana pelo investigador Luís Rocha durante o evento sobre circularidade têxtil promovido pela Lipor.
Segundo explicou, está a ser criado um algoritmo específico para um sistema ótico de forma a melhorar o sorting. E está também em fase avançada o desenvolvimento de um braço robótico equipado com câmaras RGB, capaz de identificar e retirar acessórios das peças.
Durante a apresentação, foi exibido um vídeo que mostrou o funcionamento do protótipo, ainda sem o corte automático, mas já com um laser incorporado que faz o delineamento das partes a retirar.
“Usamos um data set público para treinar os modelos”, disse Luís Rocha aos presentes, sublinhando o contributo da inteligência artificial para acelerar o processo. “Classificamos o tipo de roupa e o sistema deteta depois os acessórios visíveis”, acrescentou.
O projeto já definiu dez categorias de matéria-prima, embora algumas apresentem maior complexidade, como é o caso do linho, que tem gerado mais dificuldades de classificação.
Na sua intervenção, Luís Rocha referiu ainda um estudo desenvolvido na Dinamarca — Assessing the circularity potential of textile flows for future markets in Denmark: a study of anatomy — que conclui que apenas 11% dos resíduos têxteis são efetivamente reciclados, após a remoção de contaminantes e contabilização das perdas, chamando à atenção para as limitações ainda existentes nesta área da reciclagem têxtil.