Bebiana Rocha
O grupo Inditex arrancou o ano de 2025 com sinais de desaceleração, ao encerrar o primeiro trimestre com vendas no valor de 8.274 mil milhões de euros, o que representa um crescimento modesto de 1,53%. Este é o ritmo de crescimento mais baixo registado pela gigante galega num primeiro trimestre desde 2018.
De acordo com a publicação Modaes, os resultados abaixo das expectativas poderão estar associados a uma série de fatores, incluindo mudanças recentes na estrutura corporativa da empresa. Em maio, a Inditex anunciou a criação de uma direção geral corporativa, liderada por Ignacio Fernández, e nomeou Andrés Sánchez Iglesias como novo diretor financeiro.
As variações cambiais foram também apontadas como uma condicionante importante. A desvalorização do dólar face ao euro teve um impacto direto nos resultados, levando a empresa a antecipar um efeito cambial negativo de 3% para o conjunto do exercício de 2025.
Outro fator de instabilidade prende-se com a política internacional de tarifas aduaneiras. Apesar de não ter tomado medidas concretas, a Inditex admitiu estar a acompanhar a situação de perto, sobretudo devido à importância estratégica dos Estados Unidos.
A gestão de stocks surge como mais uma preocupação. No final do primeiro trimestre, o valor do stock atingia os 3.791 milhões de euros, um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período de 2024.
Por fim, destaca-se o aumento da dívida corrente com credores, sobretudo fornecedores. O montante ascendeu a 10.443 milhões de euros, refletindo uma subida homóloga de 3,1%.
Perante este conjunto de desafios – estruturais, cambiais, comerciais e operacionais – a Inditex terá de reajustar a sua estratégia para recuperar dinamismo nos trimestres seguintes, num contexto global marcado pela incerteza económica e geopolítica. Recorde-se que desde que Marta Ortega chegou à presidência o grupo mudou de foco estratégico, com menos crescimento, mas mais lucratividade.