Bebiana Rocha
Um acordo internacional para reforçar os direitos laborais no setor do vestuário cambojano está a reunir apoios de grandes marcas globais, mas continua sem a adesão da Inditex e da Next, que se recusam a assiná-lo apesar de terem participado no seu desenvolvimento.
Os Acordos do Camboja, promovidos pela IndustriALL Global Union, estabelecem um modelo de negociação coletiva padronizado e juridicamente vinculativo, com o objetivo de garantir salários dignos, melhores condições de trabalho e maior estabilidade nas cadeias de abastecimento. A iniciativa já conta com a adesão de 12 marcas internacionais, mas as duas reticentes estão agora sob forte pressão sindical e de investidores.
O acordo é o primeiro do género no setor têxtil, vestuário, calçado e couro cambojano, e inclui medidas adicionais como licenças de maternidade e paternidade alargadas, mecanismos eficazes de resolução de conflitos e incentivos ao desenvolvimento de competências. Estes avanços beneficiam diretamente uma força de trabalho predominantemente feminina.
A IndustriALL acusa a Inditex e a Next de incoerência entre os compromissos públicos com a responsabilidade social e a recusa em assinar um instrumento que dá corpo a esses princípios. Para a federação sindical, a ausência das marcas compromete anos de negociação e nega aos trabalhadores os benefícios previstos no acordo.
O apelo é claro: “As ações falam mais alto do que as palavras”, afirmou Atle Høie, secretário-geral da IndustriALL, sublinhando a importância de responsabilizar as empresas com presença relevante nas cadeias de produção globais.