Bebiana Rocha
Entre janeiro e julho de 2025, as importações do setor têxtil e vestuário em Portugal totalizaram 3.137 milhões de euros, representando um aumento de 6% face ao mesmo período de 2024. Em termos de quantidade, foram importadas 385.468 toneladas, mais 5% do que no ano anterior.
Por categorias de produtos, os materiais têxteis somaram 1.107 milhões de euros, mantendo-se estáveis face a 2024, com 258.855 toneladas importadas, mais 8%. O vestuário registou 1.801 milhões de euros, um crescimento de 10%, correspondente a 76.392 toneladas (+14%). Os têxteis-lar e outros artigos totalizaram 229 milhões de euros, igualmente com um aumento de 10%, e 50.221 toneladas importadas (+15%).
No detalhe por segmentos, as sedas destacaram-se com um aumento de 41%, totalizando 8,3 milhões de euros, seguidas pelas fibras sintéticas e artificiais, com 163 milhões de euros (+19%). O vestuário e acessórios, exceto malha, foi o segmento de maior valor, com 916 milhões de euros. Por outro lado, o algodão registou uma queda de 10% em valor, para 302 milhões de euros.
Em termos de quantidade, o maior crescimento foi verificado nas lãs, que mais do que duplicaram (+150%), passando para 15.728 toneladas, seguidas da seda (+78%). O algodão continua a ser o segmento mais representativo, com 91.697 toneladas importadas. Entre os segmentos que diminuíram, destacam-se os outros artefactos têxteis não confecionados (-23%).
Analisando por países, o top 3 em valor foi liderado por Espanha (1.172 milhões de euros, +9%), seguida de Itália (320 milhões de euros, -2%) e China (250 milhões de euros, +10%). Os maiores crescimentos percentuais ocorreram na Polónia (+76%, 49 milhões de euros) e Vietname (+39%, 18 milhões de euros), enquanto a Chéquia e os EUA registaram quedas significativas, de 49% e 31%, respetivamente.
Por quantidade, Espanha também lidera (92.723 toneladas, +21%), seguida da China (50.623 toneladas, +21%) e Turquia (44.708 toneladas, +16%). Os aumentos mais expressivos foram na Croácia (+208%, 631 toneladas) e Países Baixos (+41%), enquanto Chéquia, EUA e França registaram quedas de 55%, 51% e 46%, respetivamente.
O saldo intra-UE das importações cresceu 7%, totalizando 2.222 milhões de euros e 171.724 toneladas, enquanto o saldo extra-UE aumentou 5%, para 915 milhões de euros e 213.744 toneladas. No global, o setor fechou o período com um aumento de 6% em valor e 5% em quantidade, consolidando um total de 3.138 milhões de euros e 385.468 toneladas de importações.
O balanço entre importações e exportações do setor têxtil e vestuário nos primeiros sete meses de 2025 mostra um quadro relativamente equilibrado, embora com sinais de dependência crescente de mercados asiáticos. As exportações totalizaram 3.358 milhões de euros e 303.455 toneladas, ligeiramente acima do valor das importações (3.138 milhões de euros e 385.468 toneladas), apontando para um défice em quantidade, mas um equilíbrio aproximado em valor.
A análise por países destaca o peso das importações asiáticas: China (250 milhões de euros), Índia (136 milhões), Paquistão (97 milhões), Bangladesh (68 milhões) e Vietname (18 milhões) somam 569 milhões de euros, representando cerca de 18% do total de importações do período.
Este crescimento, especialmente da China (+10% em valor e +21% em quantidade), evidencia uma dependência significativa da Ásia, que, embora forneça matérias-primas e produtos estratégicos, expõe o setor a riscos geopolíticos, logísticos e de preços, reforçando a necessidade de diversificação de fornecedores e de estratégias de sourcing mais próximas e resilientes.