25 junho 25
Sustentabilidade

Bebiana Rocha

H&M Foundation publica relatório que expõe lacunas da circularidade

A H&M Foundation acaba de divulgar o The Circularity Gap Report Textiles, um relatório que mapeia os fluxos de materiais e os impactos ambientais da cadeia de valor do setor têxtil e do vestuário, oferecendo caminhos concretos para acelerar a transição para uma economia circular e para a descarbonização da indústria.

O estudo, desenvolvido em colaboração com a organização Circle Economy, revela que apenas 0,3% das 3,25 mil milhões de toneladas de materiais consumidos anualmente pelo setor têm origem em fontes recicladas. Em contrapartida, cerca de 70% das matérias-primas utilizadas continuam a ser fibras sintéticas derivadas de combustíveis fósseis.

Com base nestes dados, o relatório apresenta várias recomendações para tornar a indústria mais circular. Entre elas, destaca-se a necessidade de priorizar fibras naturais, locais e recicladas, aumentar a durabilidade das peças, produzir fibras naturais de forma sustentável — por exemplo, através da agricultura regenerativa —, adotar práticas de slow fashion, e otimizar os processos produtivos, nomeadamente com a digitalização e automação do corte e planeamento. O documento defende ainda a transformação das dinâmicas regionais e a redução do número de coleções lançadas pelas marcas.

A publicação expõe números reveladores: em média, as marcas de grande consumo lançam 24 coleções por ano, o que gera um excedente de produção elevado — cerca de 30% das peças não chegam a ser vendidas, acabando como desperdício.

Para além das questões ambientais, o relatório foca-se também nos impactos sociais da indústria. Mais de 43% dos trabalhadores do setor são contratados sem vínculo formal, número que pode ultrapassar os 90% em países de baixos rendimentos. Face a esta realidade, é feito um apelo ao compromisso das empresas e governos para garantir condições de trabalho dignas e salários justos.

O relatório conclui com uma chamada à ação coletiva, envolvendo ciência, tecnologia, políticas públicas e financiamento. “Embora não seja uma solução completa, a circularidade é uma ferramenta poderosa para impulsionar mudanças significativas. Esperamos que estas aprendizagens contribuam para uma transformação à escala setorial”, lê-se na publicação.

Parte do conteúdo do relatório é interativo, proporcionando ao leitor uma experiência mais rica e envolvente.

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