Bebiana Rocha
O Laboratório da Paisagem foi, esta quarta-feira, palco de uma mesa-redonda dedicada ao tema do ESG e ao seu impacto na indústria têxtil e do vestuário. A iniciativa reuniu representantes institucionais, especialistas e empresas, num momento de reflexão e partilha sobre os desafios e oportunidades da transição sustentável no setor.
A sessão de abertura ficou a cargo de Flávio Freitas, adjunto do Presidente para a área económica do Município de Guimarães, que sublinhou o papel crescente da sustentabilidade nas empresas do concelho, lembrando que Guimarães se prepara para ser Capital Verde Europeia nos próximos anos.
“O caminho tem sido acelerado pelas circunstâncias. Começou com a guerra, que despoletou uma transição energética do gás natural para a biomassa. Foram também instalados milhares de painéis solares na nossa indústria”, contextualizou. Sobre o objetivo do encontro, deixou claro: “É tempo de perceber onde estamos e para onde queremos ir”.
Manifestando total disponibilidade da autarquia para apoiar esta transição, destacou ainda a criação da Divisão Económica da Câmara Municipal, pensada para facilitar projetos empresariais: “Sabemos que o tempo da indústria não é o nosso tempo. Por isso, criámos esta estrutura. Hoje, mais de 12 anos depois, vemos que foi uma aposta fundamental. Inovação, digitalização e robótica são o futuro, tal como as novas linhas de tratamento de água”, afirmou.
Flávio Freitas lembrou ainda que a sustentabilidade pode ser um fator de competitividade à escala global e apelou a um compromisso coletivo de toda a fileira: “A urgência climática é real, é preciso criar um novo mindset — mesmo com governantes imprevisíveis”.
Seguiu-se a intervenção de Carlos Ribeiro, diretor executivo do Laboratório da Paisagem, que também enalteceu os esforços do executivo municipal e dos diversos agentes do território. “O nosso objetivo é reduzir as emissões em 80%, ser uma das 100 cidades europeias até 2030 e ver replicadas as suas estratégias”, afirmou, referindo que a capacitação dos agentes locais é central para esse caminho.
Carlos Ribeiro destacou que o Laboratório da Paisagem disponibiliza uma equipa especializada para apoiar sobretudo as PME, em domínios como a elaboração de relatórios de sustentabilidade, o cálculo da pegada de carbono, entre outros. Referiu ainda o pacto climático como primeiro passo para o contrato climático que Guimarães ambiciona assinar, com vista à neutralidade carbónica. “Em 2026 queremos que os holofotes estejam virados para Guimarães. Que a cidade inspire outras cidades e transforme mentalidades. Esperamos que os próximos anos sejam abertos à colaboração, para concretizarmos este desígnio comum de Guimarães ser Capital Verde Europeia”, concluiu.
O final de tarde contou ainda com os contributos de Ana Assis, regenerative business strategist na Finitor Consulting, Daniela Amorim, manager de ESG da KPMG, e com uma mesa-redonda que juntou Ana Dinis, diretora geral da ATP, Luís Rochartre Álvares, head of business transformation da Finitor Consulting, Daniela Amorim e Paulo Lopes, responsável de compras de matérias-primas na JF Almeida.