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O presidente da ATP afirma que a súbita desconfiança em relação às máscaras têxteis resulta da falta de regras na Alemanha, “onde o mercado se tornou uma selva”, e reforça que boa parte das que Portugal produz estão todas na casa dos 95% de filtragem. Numa entrevista de fundo difundida este sábado pela rádio TSF e o suplemento Dinheiro Vivo (JN e DN) diz ainda que o setor terá que ter novas medidas de apoio.
Foram as máscaras têxteis que permitiram sair do confinamento, que a economia retomasse e que todos nós pudéssemos sair de casa, em toda a Europa. O presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado, não tem dúvidas de que o problema que agora se colocou com a Alemanha a impor o uso de máscaras cirúrgicas resulta apenas da falta de controlo e de esclarecimento.
Sem produção, tudo é importado e “os distribuidores nunca atribuíram importância ao certificado do laboratório que indica a capacidade de retenção de partículas”, esclarece o líder da ATP, acrescentando que, por isso, “o mercado alemão nunca esteve devidamente esclarecido, os consumidores não conseguiam distinguir o que é um produto certificado e não certificado, porque o mercado se tornou uma selva”.
Uma questão que pode ser resolvida com a colocação de um selo ou uma etiqueta nas máscaras com a indicação de que são nível 2 ou nível 3 e a percentagem de filtração. O assunto ainda não foi abordado com o Governou nem as autoridades de saúde, “mas vamos falar”, adianta o dirigente. Uma coisa é “um produto que ao fim de quatro horas tem que ser descartado e outra coisa são as máscaras têxteis reutilizáveis que aguentam 10, 20, 30, 40 e 50 lavagens, certificadas e um produto sustentável”, sustenta ainda.
Por outro lado o presidente da ATP chama a atenção dos governantes para os problemas sérios que este segundo confinamento está a trazer ao sector e as empresas. “Todos temos a expectativa de que isto seja uma crise conjuntural e que o mercado daqui a uns meses volte a abrir”, mas alerta que são já “necessárias novas medidas de apoio”.
Explica que “o início de 2021 está mais difícil do que estávamos a antecipar” e que “o programa em vigor não corresponde às necessidades das empresas, não é suficientemente capaz de as auxiliar a ultrapassar esta situação”. A prioridade é salvar postos de trabalho, conseguir evitar uma catástrofe em termos de encerramento de empresas. “O know-how está nas pessoas e a última coisa que uma empresa pretende é que todo o conhecimento seja desperdiçado”, sublinha, chamando a atenção que “as oportunidades para o sector rm Portugal são muito grandes.
E explica: “Em termos de sustentabilidade, design, economia circular e velocidade, o cluster têxtil português, que é o maior da Europa, está em excelente posição” e representa 20% das nossas exportações industriais. “Perder esta capacidade é um crime de lesa-pátria”, conclui o actual homem forte do sector têxtil, numa entrevista que pode ser ouvida na íntegra no site da TSF.