Bebiana Rocha
O Governo anunciou esta quinta-feira medidas de apoio às empresas no seguimento das tarifas impostas pelos Estados Unidos à União Europeia. Pedro Reis, Ministro da Economia, apresentou várias linhas de apoio num valor total de 10 mil milhões de euros de apoio à economia portuguesa, mais concretamente ao investimento, à competitividade e à inovação. Em conferência de imprensa o Ministro destacou que os apoios equivalem a 60% do valor do PRR e que são 4x superiores aos anunciados em Espanha se tivermos em consideração as escalas das economias. O objetivo é gerar confiança.
Mário Jorge Machado, presidente da ATP, esteve em direto no programa 3 às 16 da RTP3 onde saudou os apoios que são um acrescento ao que já existia. “Há um reforço das linhas, há um aumento significativo, mas neste tipo de apoios o importante vão ser os detalhes, como é que as empresas acedem a este dinheiro”, disse.
“Precisamos que a situação seja célere e que a implementação aconteça sem complicações burocráticas”, continuou, focando a necessidade das empresas de acederem aos apoios para preservar o emprego. “Nós temos de perceber que as empresas e o mercado estão sob pressão há muitos anos”, primeiro foi o covid, depois a guerra, que provocaram alterações muito grandes.
As empresas já estavam pressionadas pelas taxas de juro, pelos custos da energia, pela diminuição das exportações, com o anuncio das tarifas as empresas vão precisar de “encontrar novos clientes, novos mercados, no meio da concorrência internacional feroz”, prossegue Mário Jorge Machado, informando que para haver essa conquista de novos clientes, novas encomendas, manter a inovação e internalizar exige um esforço financeiro gigantesco.
“Ao fim de todos estes anos difíceis as ajudas são cruciais para que não haja encerramento de empresas e provoque um efeito dominó na estrutura industrial portuguesa e europeia”, salientou, recordando mais uma vez que o sector têxtil e vestuário é muito relevante para o país e que está muito exposto ao que se passa nos mercados internacionais. “80% do que se produz é para exportação. Somos uma economia aberta, mas em momentos como este em que há guerras de Estado e de blocos económicos, se o elemento mais frágil não for alvo de ajuda e atenção pode ter risco de colapsar”.
Questionado sobre a importância de mexer na carga fiscal, nomeadamente no IRC, o dirigente associativo disse que neste momento não era um ponto de discussão, são precisas medidas que ajudem a tesouraria das empresas. Os apoios em termos de formação, de descarbonização, participação em feiras e outros são muito importantes, segundo próprio, mas sobretudo elogiou “o excelente trabalho do Banco de Fomento nas últimas semanas”. “Com a atitude proativa de libertar dinheiro para as empresas permitiu dar-lhes confiança, dar acesso ao crédito”, concluiu.
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