25 novembro 25
Eventos

Bebiana Rocha

“Gerir a água é gerir o futuro”: ADP alerta para urgência de soluções colaborativas

A Águas do Norte promoveu esta segunda-feira um evento dedicado à gestão sustentável da água, marcado por uma mensagem transversal: a ação deve ser conjunta. A sessão abriu com a intervenção de Mário Passos, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, que destacou o papel do município como epicentro de inúmeras reflexões estratégicas.

Sublinhou que a gestão da água representa um grande desafio, mas que tem sido encarado com políticas públicas adequadas para garantir uma utilização eficiente deste recurso “finito e essencial para todos”. Concluiu reforçando a necessidade de “contributos diversos para fazermos melhor por Famalicão e pelo país”.

Seguiu-se António Cardoso, Administrador da Águas do Norte, que enfatizou a importância de uma consciência coletiva, considerando a gestão eficiente da água como um desígnio nacional. Elogiou a estratégia de Famalicão nesta matéria e afirmou que o evento pretendeu ser um “espaço para construir soluções e alianças”, lembrando que “a sustentabilidade não é uma meta final, é um percurso”.

Defendeu que as empresas devem crescer de forma ética e com valor, e defendeu mais parcerias. Introduziu ainda o projeto “Água que Une”, lançado pelo Governo para garantir a segurança hídrica, para o qual a ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal contribuiu, reforçando que a resposta deve ser colaborativa e não setorial.

Na terceira intervenção, Alexandra Serra, vogal do Conselho de Administração das Águas de Portugal, alertou que esta década é particularmente crítica para a gestão da água, reforçando a importância de promover o desenvolvimento dos territórios.

“Gerir a água é gerir o futuro”, afirmou, apresentando as ambições do grupo ADP: trabalhar com propósito, acelerar a economia circular, valorizar os territórios, inovar para gerar impacto, educar para a sustentabilidade e liderar pelo exemplo.

José Pimenta Machado, Presidente do Conselho Diretivo da APA, focou-se na assimetria hídrica do país. Através de gráficos e tabelas, demonstrou que o Norte dispõe de mais recursos do que o Sul. Indicou ainda que 50% da água consumida em Portugal é proveniente de Espanha, uma relação gerida por acordos, mas que representa um desafio.

Reuniu na apresentação dados relevantes como: 4.320 hm³/ano é a captação média anual para consumo (segundo dados da APA e da DGADR, de 2024); 73% água captada destina-se à agricultura; 26% é o aumento médio esperado de consumo por setores de atividade até 2040; 15.118 hm³ é a capacidade máxima das maiores barragens nacionais (segundo a APA, em 2024); 27,1% foi a média de água não faturada (segundo a ERSAR, em 2023); 1,2% da água residual é reutilizada (segundo a ERSAR, em 2023).

Foram ainda apresentados cenários futuros: até 2040, a região do Minho e Lima deverá registar uma redução de 5% na disponibilidade hídrica, enquanto os consumos poderão crescer cerca de 19%.

Ficou-se também a saber que nos últimos 30 anos, foram construídos 170 mil km de rede de água, representando um investimento superior a 12 mil milhões de euros. Agora, alertou José Pimenta Machado, “é fundamental assegurar a conservação e manutenção desses sistemas envelhecidos e aumentar a eficiência”. Reforçou também que “só se poupa o que se paga”, indicando a relevância das tarifas.

Embora pouco discutida, a reutilização de água para fins não potáveis foi destacada como caminho para o futuro.

Retomando o projeto “Água que Une”, explicou que este integra cerca de 300 medidas, representa um investimento de 5 mil milhões de euros e será gerido por uma nova empresa. O objetivo é alcançar, até 2030, um aumento de 10% na eficiência hídrica.

Alertou ainda para a importância da medição e digitalização: “só se gere o que se mede, temos de ter mais informação, promover a digitalização e a monitorização”.

A manhã encerrou com Joaquim Barreiros, representante da ERSAR – a autoridade responsável pela qualidade da água destinada ao consumo humano – que abordou a regulamentação como instrumento fundamental ao serviço da saúde pública.

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