Bebiana Rocha
“A defesa conjunta da Europa é uma exigência que se impõe com a nova ordem mundial.” Quem o afirma é Sérgio Sousa Pinto, comentador e político, que participou na passada quarta-feira no evento Future Summit, organizado durante a EMAF pela AEP, AIMMAP e CEiiA.
Numa nota introdutória, o representante do Partido Socialista afirmou que o rearmamento nos acompanhará durante décadas, como consequência do colapso da ordem mundial, defendendo que a Europa deve resgatar a sua autonomia, face ao recuo do compromisso americano com a proteção do velho continente.
Sérgio Sousa Pinto sublinhou que a guerra deve ser prevenida através da dissuasão, lembrando que “a Europa não dispõe da competência do exército ucraniano” e que “a Rússia prevê incrementar as suas capacidades”.
“A Europa precisa de produzir os meios de que carece”, reiterou, frisando que o dinheiro, por si só, não vence guerras. É necessário aumentar a capacidade industrial, favorecer a criação de novas empresas e facilitar o acesso a contratos públicos na área da defesa.
Afirmou ainda que “a intervenção do Estado deve ser reduzida, deverão ser as empresas a liderar”, acrescentando que, com o investimento previsto na área da defesa, surgirá finalmente concorrência à escala necessária.
“A necessidade aguça o engenho, é nesse ponto que estamos”, declarou, convicto de que Portugal estará à altura do desafio. O político referiu-se também à criação de um mercado único para a defesa, alertando: “A procura vai exceder em muito a oferta, é importante aproveitarmos as oportunidades.”
“Estamos a sair de um paradigma, e não voltaremos a ele. O período de paz e segurança garantido pela Guerra Fria terminou. Foi um período excecional da história. Nas relações entre Estados, o normal é um sistema de autoajuda, dominado pelos fortes. Os fracos procuram a sua autodeterminação através de esquemas de aliança e, quando existem desequilíbrios, vamos para a guerra”, explicou. Considera ainda que a Europa representa um fator de perturbação crónico para a paz mundial.
Para manter a paz, defendeu, é necessário incorporar uma dimensão nuclear – e, neste contexto, a França terá um papel importante.
Em nota conclusiva, Sérgio Sousa Pinto abordou o populismo: “Os vendedores de ilusões têm sempre um espaço – custa menos do que enfrentar as realidades. Mas se assistirmos ao colapso da Ucrânia, a uma ofensiva sobre a Moldávia, a um ataque aos sistemas bálticos, esse choque produzirá os seus efeitos.”