04 setembro 20
Indústria

T

Fileira têxtil quer discriminação positiva da produção europeia

A fileira têxtil nacional quer que o governo português apoie junto da União Europeia a obrigatoriedade de os 27 comprarem, ao nível das aquisições públicas, material de proteção individual que incorpore um mínimo de 50% de material oriundo do espaço europeu. Uma decisão nesse sentido poderia abrir portas a que a indústria europeia comece a fixar a reindustrialização como uma opção política.

Mário Jorge Machado, presidente da ATP, disse ao T Jornal que a reunião desta semana entre a totalidade da fileira têxtil e o primeiro-ministro António Costa foi “uma forma de alertar o poder político” para esta necessidade, sob pena de, em pouco tempo, os agentes económicos “voltarem à prioridade do preço” – ou, dito de outra forma, às compras no sudoeste asiático.

Foi neste quadro que diversas empresas quiseram levar aos primeiro-ministro exemplos das máscaras que a indústria nacional está a produzir, e que revelam, por um lado, o seu compromisso com a inovação, mas, por outro, a decisão de estancar o processo de formação de desperdícios que a produção asiática envolve.

A importância da reindustrialização está no ordem do dia, e o presidente da ATP esteve presente, posteriormente ao encontro com António Costa, num encontro organizado pela Direção-Geral do Crescimento e da Competitividade da Indústria, organismo da União que tem a cargo as preocupações em torno do setor.

Mário Jorge Machado forneceu uma visão sobre os desafios e oportunidades que a produção industrial teve de enfrentar face à pandemia sanitária – tendo explicado que a circunstância de o setor textil nacional evoluir numa lógica de cluster foi a chave para a resposta imediata que a indústria conseguiu fornecer em tempo útil.

Ficou evidente que a réplica do modelo pode ser uma das saídas para a industria europeia na sua generalidade, numa altura em que os economistas afirmam que os elevados montantes disponibilizados pela Comissão Europeia para fazer face à retoma da economia pós-Covid devem ser aplicados em parte muito substancial na reindustrialização.

Mário Jorge Machado apoia essa visão ‘reconstrutiva’ da União Europeia, numa lógica, disse, “de poupança dos recursos e de manter a União auto-suficiente” em vários domínios. Desde logo no domínio da saúde: como foi possível perceber-se, a Europa não estava preparadas para enfrentar um fenómeno pandémico como este que surgiu em março passado.

A resposta da indústria têxtil nacional tem sido observada em vários países e é unanimemente considerada um exemplo do que de melhor a Europa consegue produzir.

Partilhar