Bebiana Rocha
As exportações têxteis portuguesas mantiveram-se praticamente estáveis nos primeiros sete meses de 2025, atingindo um valor total de 3 358 milhões de euros, uma ligeira queda de 0,1% face ao mesmo período de 2024, correspondendo a 4,2 milhões de euros.
Por categorias, os materiais têxteis registaram 964 milhões de euros, com um crescimento de 1,0%, o vestuário atingiu 1 880 milhões de euros, representando uma descida de 1,5%, e os têxteis-lar e outros totalizaram 514 milhões de euros, subindo 3,0%.
Em termos de quantidade, o total exportado foi de 5 934 toneladas, um aumento de 2,0% em relação a 2024. Por categoria, os materiais têxteis atingiram 2 681 toneladas (+1,4%), o vestuário 1 721 toneladas (+3,6%) e os têxteis-lar e outros 1 532 toneladas (+2,5%).
Entre os produtos com maior crescimento percentual em valor destacam-se as outras fibras têxteis vegetais, fios de papel e tecidos de fios de papel (+45,9%) e a seda (+40,4%). As maiores quedas foram registadas na lã (-11,5%) e no algodão (-6,8%).
Em quantidade, os aumentos mais expressivos ocorreram na seda (+154%) e nas outras fibras têxteis vegetais (+113%), enquanto os maiores recuos se verificaram nos filamentos sintéticos ou artificiais (-8,4%) e nos tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados, bem como artigos para usos técnicos de matérias têxteis (-3,2%).
No que diz respeito aos destinos das exportações, o comércio intra-União Europeia totalizou 2 431 milhões de euros, em ligeira descida de 1%, enquanto o comércio extra-comunitário atingiu 927 milhões de euros, crescendo 2%.
Entre os países com maiores recuos destacam-se Itália (-13%, 194 milhões de euros), Turquia (-12%, 19,3 milhões) e Suécia (-7%, 61,2 milhões), enquanto os maiores aumentos foram registados em Marrocos (+35%, 55,7 milhões), China (+14%, 23,3 milhões) e na Chéquia e Polónia (ambas +13%).
O top 5 dos principais destinos manteve-se liderado por Espanha (782 milhões de euros, 0%), França (525 milhões, -3%), Alemanha (291 milhões, -1%), EUA (256 milhões, +2%) e Reino Unido (201 milhões, -4%).
Por quantidade, os cinco principais países foram Espanha (70 934 toneladas), França (45 934 toneladas), EUA (19 934 toneladas), Alemanha (18 322 toneladas) e Reino Unido (14 072 toneladas). Entre as variações percentuais mais relevantes em quantidade destacam-se negativamente a Turquia (-38%), Roménia e Alemanha (-7%), e os crescimentos expressivos da China (+182%), Suíça (+25%) e Marrocos (+21%).
A leitura global destes dados mostra um setor têxtil português resiliente, mas claramente condicionado pelas instabilidades externas. A estagnação do mercado francês, onde se chegou a falar na necessidade de intervenção do FMI, ajuda a explicar o recuo das encomendas, tal como a fragilidade estrutural da economia alemã, marcada por debates em torno das reformas e sinais de crise industrial, justifica o abrandamento nesse destino.
Já nos EUA, apesar de um crescimento de 2%, pesa a incerteza gerada pelas políticas protecionistas e pelas taxas impostas pela administração de Donald Trump. Em contrapartida, o dinamismo de mercados como Marrocos, China ou Polónia revela a procura por alternativas comerciais fora do eixo tradicional europeu.
No conjunto, Portugal exportou mais toneladas, mas obteve quase o mesmo valor, refletindo não só a pressão internacional sobre preços e margens, como também um cenário económico global instável, onde a diversificação de mercados e produtos surge como resposta inevitável do setor.