Bebiana Rocha
A Lameirinho acolheu na passada semana, nas suas instalações em Guimarães, uma conferência sobre marketing direcionada ao setor têxtil e vestuário, organizada pela APPM – Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing, sob o mote “O Têxtil Português: quando o marketing costura o futuro”.
O evento contou com a presença de representantes da empresa anfitriã, da APPM e da Câmara Municipal de Guimarães, integrando-se na programação do Mês da Economia promovido pelo Município.
Na abertura da sessão, João Lindoso, Chief Commercial Officer da Lameirinho, destacou a importância do marketing como motor de crescimento e competitividade. “O marketing é essencial para o desenvolvimento das empresas. É um privilégio acolher este tipo de iniciativas que reforçam a ligação da Lameirinho à região onde está inserida”, afirmou.
Em representação da APPM, Sílvia Correia sublinhou que a Lameirinho é “uma casa com alma”. partilhou também que este evento teve um significado especial: “Voltar à Lameirinho, o meu chão de fábrica onde trabalhei durante sete anos e onde me apaixonei pelo têxtil, foi um reencontro com as minhas origens têxteis. Foi muito gratificante voltar como empresária na área do marketing e da sustentabilidade têxtil e como Diretora do Clube de Marketing da APPM Braga, a unir o que sempre acreditei: a força do têxtil e o poder do marketing.”
Explicou igualmente o propósito da conferência: “Queremos mostrar que o marketing é estratégia, inovação e futuro. Queremos celebrar um futuro com propósito, de forma sustentável e humana”, disse, agradecendo também o apoio da Câmara Municipal de Guimarães.
A autarquia fez-se representar por Marta Mota Prego, que relacionou a iniciativa com a candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia. “Esta não é apenas uma estratégia política, é uma iniciativa que pretende contar e envolver todos”, afirmou. Sobre a Lameirinho, considerou-a “um exemplo no cruzamento da sustentabilidade com a inovação”, acrescentando que “a inovação não está só no processo ou na matéria-prima — está também no posicionamento”.
Com os rolos de tecido em cru e o cheiro do algodão a envolverem o espaço, a tarde seguiu com a intervenção de Orlando Andrade, diretor de marketing da AGI, que começou por afirmar que “a criatividade e o marketing valem a pena”. Com vários anos de experiência no marketing industrial, salientou que “mais do que criatividade, as comunicações devem ter contexto e estar alinhadas com os objetivos do negócio”.
“O marketing deve ser feito em equipa, deve ser transversal à empresa. O futuro é hoje!”, afirmou antes de apresentar um caso prático da Toworkfor, marca de calçado e vestuário de segurança onde trabalhou.
O desafio, contou, foi lançar uma nova linha de roupa de segurança e posicionar-se num segmento internacional altamente competitivo, com recursos limitados. A solução passou por assumir riscos e apostar numa comunicação criativa e autêntica.
A campanha, baseada em vídeos curtos com trocadilhos com nomes de figuras públicas em situações de risco, foi um sucesso: a faturação cresceu 200%, a marca ganhou prémios de comunicação e a assinatura “Boldly Safe” tornou-se referência em feiras e eventos do setor.
Sílvia Correia moderou ainda uma conversa cruzada com quatro jovens da Universidade do Minho, que trouxe uma visão crítica, desafiadora, assertiva e otimista sobre o futuro. “Falaram de inovação tecnológica, da importância do design e da criatividade como diferenciação, da autenticidade na comunicação, da sustentabilidade como valor não negociável, assim como da necessidade de vestir o têxtil português como estratégia de propagação do orgulho no têxtil nacional. Mais do que expectativas profissionais, deixaram um apelo claro: as empresas têxteis devem comunicar melhor, criar pontes com os jovens e abrir espaço à experimentação e à co-criação.”
A conclusão desta conversa cruzada foi clara: o têxtil português tem futuro e tem talento jovem pronto para o construir — cabe a todos costurar essas ligações e unir gerações e setores.
No balanço final, Sílvia Correia sublinhou ao T Jornal que “esta conferência superou todas as expectativas. Tivemos uma plateia cheia, com profissionais de marketing, empresários, gestores, docentes e estudantes, o que mostra que o têxtil português continua vivo, curioso e com vontade de se reinventar.” Destacou ainda que o marketing é um fator estratégico de diferenciação e que o objetivo da conferência foi plenamente cumprido — “mostrar como o setor pode ganhar escala e relevância através da estratégia, da comunicação, da inovação e da construção de marca”.
“Foi muito gratificante ver tantas empresas do setor representadas na plateia, partilhando experiências, ideias e sobretudo uma vontade coletiva de colaborar mais. Acredito que o futuro passa mesmo por aí — por mais colaboração, mais comunicação em rede e mais aproximação entre indústria, academia e profissionais de marketing.” Esta iniciativa, garante, não ficará por aqui.