Bebiana Rocha
A sustentabilidade deixou de ser apenas uma boa prática para se tornar uma condição essencial para competir. Na passada quarta-feira, a ATP, no âmbito do projeto RESOTEX, promoveu o webinar ‘Economia Circular na Indústria Têxtil e Vestuário’, que abordou, entre outros temas, o grande desafio de ligar todos os pontos da nova legislação europeia.
Ana Dinis, diretora-geral da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, apresentou o enquadramento político e legislativo da economia circular na União Europeia, destacando as leis já existentes, os pacotes legislativos aprovados e os próximos passos.
“Neste momento, a União Europeia está a consolidar um verdadeiro mercado único para produtos e materiais circulares”, sublinhou.
Ana Dinis começou por contextualizar o conceito de economia circular – partilhar, reutilizar, reparar, renovar e reciclar – e apresentou dados que reforçam a urgência desta transformação, bem como a evolução das políticas europeias.
Recordou ainda que a UE pretende dissociar o crescimento económico da utilização de recursos, contribuindo para a neutralidade climática. E que esta transição “abre espaço para novos modelos de negócio, inovação tecnológica, criação de emprego e reforço da competitividade europeia, sobretudo em setores altamente intensivos em recursos”.
O grande enquadramento político nesta matéria é o Pacto Ecológico Europeu, cuja missão passa por alcançar uma economia competitiva, neutra em carbono e circular.
Contudo, persistem desafios: “diferenças significativas entre Estados-Membros nas taxas de reciclagem e utilização de aterros, mercados de materiais reciclados ainda instáveis, custos acrescidos para as pequenas e médias empresas e a necessidade de promover mudanças no comportamento dos consumidores”, enumera. Que fazem com que, atualmente, a taxa de circularidade na Europa seja de 12%. O objetivo é duplicá-la até 2030.
Ana Dinis destacou por fim que, em 2026, deverá ser adotado o ato legislativo da economia circular, destinado a estabelecer um mercado único de matérias-primas secundárias, aumentar a oferta de materiais reciclados de elevada qualidade e estimular a procura destes materiais dentro da UE.
Em suma, a estratégia europeia para a sustentabilidade traduz-se em produtos duradouros, reutilizáveis, reparáveis, recicláveis, com elevado teor de fibras recicladas, isentos de substâncias perigosas e produzidos de forma responsável.