Bebiana Rocha
A produção e o volume de negócios da indústria têxtil e do vestuário na União Europeia continuaram a registar quebras no primeiro trimestre de 2025, segundo o mais recente relatório da EURATEX. A fraca procura por parte dos consumidores, a crescente pressão das importações a baixo custo e a redução das exportações são apontadas como principais fatores para o desempenho negativo do setor.
A Confederação Europeia do Vestuário e Têxtil destaca ainda um agravamento do emprego e os impactos provocados pelos custos elevados da energia e da mão de obra, bem como pelas exigências regulatórias e custos de conformidade. Ainda assim, o sentimento empresarial deu sinais de recuperação.
Em termos concretos, a faturação apresentou uma queda acentuada ao longo de 2024, com a tendência a prolongar-se no arranque de 2025: -2,4% no setor têxtil e -2,3% no vestuário. “A produção têxtil está em declínio desde o início de 2022, com recuos significativos na tecelagem e nos acabamentos. A produção de vestuário caiu ainda mais, sobretudo no segmento de malhas”, indica o relatório.
As importações de têxteis e vestuário provenientes de países terceiros aumentaram de forma expressiva, contribuindo para um agravamento de 52% no défice comercial da UE27. “As importações totais da UE aumentaram 19%, impulsionadas pelos fortes fluxos da China e do Bangladesh”, refere a EURATEX. No detalhe, as importações extracomunitárias de têxteis cresceram 16,5% e as de vestuário 20,6%.
Já as exportações da UE27 registaram uma queda em valor (-2,8%), ainda que com uma subida em volume (+3,2%). No caso das trocas com os Estados Unidos, o valor exportado aumentou, mas o volume registou uma diminuição.
No que respeita ao emprego, a confederação sublinha que a tendência de queda, iniciada durante a pandemia, mantém-se, refletindo o impacto de reestruturações, custos operacionais elevados e escassez de mão de obra qualificada.
Portugal surge neste retrato com uma quebra média de 3,5% na produção do setor têxtil e de entre 2,7% e 4,3% no vestuário — números acima da média europeia. Ainda assim, foi o país que registou a maior melhoria nas previsões de expectativas da indústria, com uma subida de 10,5 pontos. Mais informações disponíveis junto da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal.