05 novembro 25
Economia

Bebiana Rocha

EURATEX consegue avanço na reintegração do regime de compensação energética

A EURATEX continua a afirmar-se como uma voz influente em defesa da indústria têxtil e vestuário europeia, com resultados cada vez mais visíveis ao nível político e institucional. Na sua mais recente comunicação, Dirk Vantyghem, diretor-geral, destacou avanços significativos no processo de reintegração de segmentos da cadeia de valor têxtil no regime de compensação indireta do Sistema de Comércio de Emissões (ETS) da União Europeia.

Segundo o responsável, há progressos concretos no sentido de que as fibras sintéticas, os não tecidos e a fiação têxtil possam voltar a ser elegíveis para compensação dos custos energéticos – um passo essencial para reduzir a desvantagem competitiva que estas empresas enfrentam devido às elevadas faturas de energia. Contudo, a decisão final ainda não foi tomada.

“É difícil medir o impacto do trabalho de lobbying, sobretudo no contexto europeu, mas começamos a ver resultados concretos”, afirmou Dirk Vantyghem, sublinhando que os Estados-Membros já reconhecem que um dos principais desafios do Mercado Único é a proliferação de produtos ilegais e não conformes.

Essa consciencialização está a abrir caminho para novas medidas estruturantes, entre as quais a criação de uma Autoridade Europeia de Fiscalização do Mercado, a atualização do Novo Quadro Legislativo e dos Regulamentos de Normalização, e o avanço do Passaporte Digital de Produto — elementos que poderão integrar um futuro “ato europeu dos produtos”.

De dar nota ainda, no seguimento da função de influência da EURATEX, para a reunião que decorreu ontem em Bruxelas com a Comissária Europeia para o Ambiente, Resiliência Hídrica e Economia Circular Competitiva, Jessika Roswall.

Jessica Roswall Euratex 480

O encontro contou com a participação do presidente da EURATEX, Mário Jorge Machado, que apresentou os principais desafios enfrentados pelas empresas europeias de têxteis e vestuário, designadamente a pressão crescente das importações insustentáveis e de baixo custo e a dificuldade de transformar a sustentabilidade num modelo de negócio viável e competitivo.

Entre as prioridades discutidas, destacaram-se a necessidade de legislação harmonizada em todos os Estados-Membros, especialmente em matéria de responsabilidade alargada do produtor (EPR); a importância de uma comunicação clara e coerente com os consumidores; o equilíbrio entre ambição regulatória e complexidade administrativa; e a redução da carga de reporte para as empresas, em particular as PME.

Nas redes sociais, a EURATEX congratulou-se com o compromisso da Comissão Europeia em reforçar a competitividade industrial da Europa e reduzir a pressão regulamentar desnecessária, reafirmando a sua disponibilidade para continuar a trabalhar com a Comissária Roswall nos dossiês de ecodesign, economia circular, gestão de resíduos e fiscalização do mercado, com vista a garantir condições de concorrência equitativas e uma indústria têxtil europeia forte e sustentável.

Mário Jorge Machado no encerramento do projeto RegioGreenTex 480

No plano internacional, a EURATEX mantém uma presença ativa em múltiplos eventos e fóruns de decisão. Após marcar presença no Fórum Anual de Moda Sustentável de Veneza, na Conferência Anual da ITMF/IAF e na sessão de encerramento do projeto RegioGreenTex, a organização participou hoje no Ecomondo, evento dedicado à sustentabilidade e circularidade.

Amanhã, a EURATEX estará em Casablanca, onde decorrerá a reunião anual com a AMITH, a associação marroquina do setor têxtil, para discutir relações comerciais e de investimento bilaterais entre a Europa e Marrocos. Ainda este mês, a agenda inclui a celebração do 50.º aniversário da Federação Têxtil de Taiwan e a participação na mesa redonda “Textiles at the Frontline”, no Parlamento Europeu.

Com uma mensagem assente nos “3Cs” – competitividade, comportamento do consumidor e comunicação -, a EURATEX reafirma o seu papel como ponte entre a indústria e as instituições europeias, garantindo que a voz do setor se traduza em políticas mais equilibradas, sustentáveis e justas para o futuro do têxtil europeu.

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