29 junho 2020
Inovação

T

Euratex: Cinco medidas para o renascer do têxtil europeu

A mais importante associação têxtil da Europa, a Euratex – de cujo board faz parte o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado – aposta em transformar a crise numa oportunidade, transformando-se num sector mais digital, sustentável e ágil. Na assembleia geral da passada sexta-feira, em Bruxelas, foram delineadas a cinco grandes linhas em que assenta a “estratégia de recuperação da era Covid-19”.

Denominado como ‘EU Next Generation’, o pacote de medidas apresentado “pode desempenhar um papel importante e apoiar a indústria têxtil e de vestuário no seu renascimento. Esta crise mostrou a importância de nossa indústria e agora, mais do que nunca, é essencial desenvolver a competitividade do ecossistema europeu”, disse Alberto Paccanelli, o italiano que foi reconduzido como presidente da associação.

Mário Jorge Machado, que esteve presente no encontro, disse ao T Jornal que, apesar de haver alguns problemas que importa ultrapassar – nomeadamente no que tem a ver com a harmonização da produção de máscaras e daquilo a que se poderia chamar a sua livre circulação em todo o espaço comum – é de relevar que o setor está já a sentir uma ligeira retoma: “Nada que permita vislumbrar uma produção igual ao período ante-pandemia, mas mesmo assim é qualquer coisa”.

No comunicado final, a Euratex assume que a indústria europeia do têxtil e vestuário está pronta para transformar a crise numa oportunidade e tornar-se mais digital, sustentável e ágil. “O plano requer recursos consideráveis e um conjunto coerente de medidas, tanto de curto prazo como de natureza estrutural”, expõe, notando que depois de a Comissão Europeia e os Estados-Membros terem já adotado algumas medidas rápidas de recuperação, “agora é hora de definir a visão de longo prazo”.

Notando que as empresas de têxteis e de vestuário “provaram ser essenciais para a gestão pandemia, com muitas delas a converter ou aumentar a produção de EPI”, numa produção cujo papel estratégico vai muito para além dos acontecimentos recentes. “Sem materiais têxteis, carros, roupas, máquinas ou edifícios não podem ser construídos e os últimos meses destacaram a necessidade de todo o setor e sua cadeia de valor passar por um processo de renovação”, destaca o comunicado que aponta para um futuro mais competitivo e mais verde.

“A indústria têxtil está pronta para esse desafio e desenvolveu uma estratégia de recuperação”, anuncia a Euratex. Para isso, “a Europa deve assumir a importância estratégica do setor, promover o desenvolvimento de um ecossistema integrado com a UE e países vizinhos, investir em inovação e formação e transformar a circularidade numa fonte de competitividade”. E este é o tempo para avançar com essas medidas.
Para tornar a estratégia tangível e concreta, a Euratex apresenta uma estratégia que assenta cinco iniciativas emblemáticas:

  • O impacto desse tipo de crises pode ser evitado através da organização e garantia de uma cadeia de abastecimento e da criação de cadeias de valor resilientes na Europa para EPIs críticos e outros produtos têxteis.
  • Com o envelhecimento da mão-de-obra têxtil e de vestuário – 35% dela tem mais de 50 anos – as PME devem capacitar sua força de trabalho para um setor em rápida transformação e atrair jovens e profissionais qualificados.
  • Investir em têxteis inovadores e sustentáveis por meio de parcerias público-privadas dedicadas (PPP) a nível da UE. Estas PPP reunirão e acelerarão a pesquisa, inovação, testes-piloto e demonstração em áreas críticas, como a produção digital e cadeias de abastecimento.
  • Estabelecer cinco centros de reciclagem na Europa associados aos principais centros do têxtil vestuário, para recolha e fabricar matérias-primas, classificando, processando e reciclando resíduos têxteis pós-produção e pós-consumo.
  • Acabar com o bloqueio de mercadorias pelas autoridades nacionais nas fronteiras. É fundamental garantir um comércio livre e justo para as empresas e um primeiro passo deve ser promover o Pan Euro Med como um ecossistema integrado e explorar oportunidades de mercado resultantes de outros acordos de livre comércio da UE.
Partilhar