14 de maio 24
Empresas

Bebiana Rocha

“Estamos a ganhar quota de mercado na Europa”

Mário Jorge Machado, Presidente da ATP, esteve na passada segunda-feira, dia 13 de maio, no programa Economia Real do Porto Canal para debater se ‘Há crise na indústria portuguesa’. O número de insolvências registou um aumento e é apontado o sector têxtil e moda como o grande contribuidor para a subida de 14% registada. O dirigente associativo usou da palavra para explicar a situação difícil das empresas e dar conta que “estamos a ganhar quota de mercado na Europa”.

“A indústria têxtil e do vestuário é um sector industrial que ao longo dos últimos meses tem vindo a sofrer o que tem sofrido a indústria europeia devido às guerras”, introduz. Explicando de seguida que “as poupanças dos europeus têm vindo a incrementar-se. Ou seja, estamos a gastar menos que em 2019”, em contrapartida, os Estados Unidos aumentaram em 30% os seus gastos.

Confrontado com a descida de 8,4% nas exportações, Mário Jorge Machado disse que os números refletem “o comportamento dos consumidores”. E contrapôs com o dado de que as importações na Europa também caíram e a ITV “está melhor posicionada que antes”, com a venda de produtos cada vez com maior valor acrescentado.

Segundo o presidente da Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal existem dois tipos de situações que geram as atuais insolvências: “há empresas muito endividadas que traziam problemas e há fechos decorrentes de ajustes de mercado, onde são procurados outros produtos. As empresas que trabalham e competem pelo preço começam a ficar de fora”, alertou.

Sobre o primeiro ponto acrescentou que “os apoios da pandemia foram fulcrais” para a sobrevivência das empresas, mas recordou que foram na base de empréstimos, pelo que neste momento várias empresas estão a pagar essas dividas. O que tendo em conta o contexto de guerra complicou a situação porque as encomendas abrandaram. “No final quem sobreviver vai ficar melhor: prevemos que o sector termine a década com menos pessoas, como resultado da evolução tecnologia, mas prevemos também uma faturação de 10 mil milhões de euros”.

Questionado sobre 20% dos desempregados inscritos nos centros de emprego virem desta indústria, Mário Jorge Machado sublinha que a fileira têxtil é das indústrias que mais contrata: “emprega cerca de 130 mil pessoas”. “Se durante a pandemia havia falta de pessoas para tanta procura, hoje passamos uma fase de menor procura. Olhamos com expectativa para resolver as questões da crise a nível europeu”, disse. Sublinhando que “o sector têxtil e vestuário tem um enorme potencial de crescimento”.

Em nota final, e falando da ATP enquanto integrante da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, Mário Jorge Machado disse que “a procura a nível da indústria está complicada”. O também empresário vincou mais uma vez a dificuldade de ser empreendedor em Portugal: “a legislação é contrária à iniciativa, existem muitos encargos para as empresas”.

Fechou o programa com chave de ouro lembrando que “as pessoas são o principal ativo das empresas, é com elas que conseguimos servir os clientes, pelo que o despedimento é a nossa última opção”, falou.

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