Raposo Antunes
A ERT adquiriu uma parte substancial das instalações da Oliva, em São João da Madeira, onde planeia instalar mais uma unidade fabril, cujo projeto deverá ser discutido e votado na câmara local ainda este mês.
A Câmara de S. João da Madeira, que adquiriu há alguns anos a chamada Torre da Oliva (onde funciona um espaço museológico) e dois edifícios para instalar indústrias criativas, tem a garantia da ERT de que será preservado o trabalho que o artista Vhils fez (ver foto) a convite da autarquia, num dos muros da unidade comprada agora pelo grupo de têxteis técnicos ERT.
“Nem fazia sentido que assim não fosse, já que a ERT é uma empresa de São João da Madeira e sabe o que nós pretendemos fazer com a recuperação deste espaço”, afirmou fonte da autarquia. De resto, ao que o jornal T apurou, o assunto terá sido abordado num encontro casual, em Hong Kong, entre Vhils e responsáveis da ERT. Esta empresa dispõe também de um dos espaços que a autarquia disponibilizou na Oliva Creative Factory. Tudo somado parece dar a garantia que o trabalho de Vhils será assim preservado.
Quanto ao projecto que o grupo têxtil tem para o espaço que adquiriu (a antiga fundição da Oliva e outros pavilhões industriais, tudo implantado numa área que é atravessada por uma linha férrea e uma estrada interiores) representa quase o dobro em área do actualmente ocupado pelas chamadas indústrias criativas. Esta aquisição representará mais um salto no crescimento da ERT, que se apresenta como um grupo especializado em produtos “para aplicação em mercados competitivos, orientados para estilos de vida urbanos e modernos”.
Com presença em Espanha, Polónia, Alemanha, Roménia e República Checa, a ERT emprega 530 pessoas e no nosso país conta com unidades industriais em Felgueiras e São João da Madeira. “O processo envolve a união de vários componentes. Pode ser espuma, malha, PVC, couro, ou o chamado não tecido. A união dos produtos faz o nosso composto”, esclarece Manuel Campos, director de produção.
A indústria automóvel representa 85% dos 76 milhões de euros de facturação deste grupo, que não lida directamente com as marcas. Os seus clientes são os fornecedores de componentes (como a francesa Faurecia) para os fabricantes. Os esforços vão no sentido de criar produtos mais sofisticados.
A compra de uma parte das instalações da metalúrgica Oliva (empresa referência que deixou de laborar há alguns anos), irá permitir uma espécie de interface espacial com a incubadora de negócios criativos.
A Oliva Creative Factory, em São João da Madeira, abriu em Outubro de 2013 com um núcleo de arte. A incubadora de negócios criativos começou a funcionar dois meses depois, em Janeiro de 2014. Em 2015 dispunha de 24 empresas, uma escola de dança, uma cafetaria e perto de 50 postos de trabalho.
Constituída em 1925, a Oliva dedicou-se inicialmente à indústria de fundição e serralharia, mas seria como fabricante das máquinas de costura que se expandiu nacionalmente. A laboração continuou durante cerca de 80 anos e as instalações que então ocupava rondavam os 130 mil m2. Algumas das áreas edificadas obedeciam, segundo alguns especialistas, aos princípios funcionais que o prestigiado arquitecto norte-americano Frank Loyd Wright imprimiu em vários edifícios por ele projectados para unidades fabris dos EUA.