Ana Rodrigues
Bárbara Leite, bióloga de formação, chegou à têxtil em 2021, para se tornar Project Manager da RDD Textiles. E é com alma e coração de cientista que tem vindo a responder aos desafios que a têxtil lhe propõe. Foi em fevereiro de 2022 que se tornou Head of Research & Development.
E é na RDD que prossegue o seu interesse pelas ciências e pela investigação em geral: “no fundo, é perceber que a têxtil – indústria tão antiga e tão poluente – acarreta consigo tantos impactos, que o meu interesse pela ciência me faz crer que é possível trabalhar dentro desses impactos, mas de uma forma positiva e alternativa àquilo que vinha a ser feito”, contou na Rubrica Emergente, ao T Jornal.
Quanto a esta rubrica, ‘Elas na ITV’, Bárbara Leite comentou achar “engraçado” estarmos a falar de “mulheres na ITV” e da necessidade deste destaque e levantou questões: “Será porque ainda é encarado como um mundo masculino? Ou será pela diferenciação que as mulheres têm vindo a fazer, sobretudo nos últimos anos?”
Porém, prefere acreditar que é, sobretudo, pelo segundo motivo, ainda que sinta que a indústria têxtil é continua polarizada pelos homens no que se refere às tarefas de produção, mas também de gerência, e depois pelas mulheres nas tarefas mais relacionadas com confecção e comercial. Portanto, como disse, “as desvantagens face à realidade atual entre homens e mulheres ainda se mantêm. Contudo, trabalhando numa empresa apenas de mulheres, não será esse o maior desafio que, por experiência, possa detetar”.
Como descreveria o papel da Mulher na ITV?
Extremamente capaz e de grande qualidade, onde a capacidade de resposta, não apenas as relacionadas com produção, mas sobretudo no que se refere a tarefas de detalhe, pormenor e organização são um destaque e uma mais-valia extensível em toda a cadeia de valor têxtil.
Que vantagens há em ser Mulher na ITV?
Capacidade de detalhe, organização e criatividade. A capacidade de encarar vários desafios em simultâneo, sempre com espírito crítico aguçado, conseguindo trabalhar em diferentes áreas com elevada capacidade de resposta e adaptabilidade. Com a evolução e consciência de sustentabilidade que tem vindo a ser implementada na indústria têxtil, o papel da mulher tem vindo a ter ainda mais destaque, sobretudo pela relação, historicamente, conhecida com a ciência.
Qual o maior desafio em ser Mulher na ITV?
Ainda o facto de necessitarmos de ser mais ouvidas, e de sermos vistas como mais “delicadas” pode, infelizmente, ser encarado como inferioridade e falta de resiliência. Algo que é facilmente rebatido quando o trabalho é posto em ação. Além disso, é ainda uma área muito desafiante diariamente, onde tem de se saber fazer uma gestão de qualidade do tempo de trabalho.
Alguma recomendação para jovens mulheres que estejam a entrar no mercado de trabalho?
Aceitarem os desafios sem medos, sabendo que vão entrar num mundo de loucura, mas tão desafiante que não aborrece por monotonia. E não terem receio de se afirmarem enquanto profissionais, de qualidade e capazes. Manterem sempre a alegria e o brio no trabalho que desenvolvem, diferenciando-se pelo cunho próprio no que fazem, porque não há nada melhor do que se gostar do que se faz, e fazer-se o que se gosta.