10 setembro 24
Economia

Bebiana Rocha

Draghi: “A política comercial tem de ser pragmática”

Mário Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, foi incumbido pela Comissão Europeia de preparar um relatório com a sua visão pessoal sobre o futuro da competitividade europeia. O documento foi publicado ontem com uma análise dos desafios enfrentados pela indústria e pelas empresas no mercado único. “A política comercial tem de ser pragmática, cautelosa, especifica caso a caso e defensiva”, disse Draghi, acrescentando que a Europa deve “evitar as armadilhas protecionistas” e deixar de impor taxas sistematicamente.

Na sua análise sobressai também o facto de a Europa precisar de pelo menos 750 a 800 mil milhões de euros por ano para acompanhar os seus concorrentes – Estados Unidos e China. “Atingir este aumento exigia que a parcela de investimento da UE saltasse de cerca de 22% do PIB hoje para cerca de 27%, revertendo um declínio de várias décadas na maioria das grandes economias europeias”, constata.

No entanto, Mário Drahgi insiste que é necessário o bloco continuar a reduzir a sua dependência económica e aumentar a segurança interna. Num amplo documento propõe ações concretas para cumprir esses objetivos, em traços gerais são elas: investir em inovação e desenvolvimento (recomenda o financiamento para a inovação), propõe reformulações em toda a União Europeia, investimentos em certificação e desenvolvimento de competências e uma integração industrial do sector da defesa.

As três primeiras sugestões podem ser aplicadas à indústria têxtil e vestuário na medida em que o investimento em inovação e desenvolvimento pode ser usado para criar novos materiais e processos de produção mais eficientes e sustentáveis; a reforma na governação da UE pode trazer novas medidas políticas que impactem positivamente o sector, e o investimento em formação é imprescindível para garantir que a força de trabalho na têxtil também se mantém atualizada e direcionada para as novas necessidades, nomeadamente no que toca à Inteligência Artificial.

Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, concordou esta segunda-feira que “para sermos competitivos temos de liderar a transição digital e verde”, uma frase que o STV tem usado muito. “Devemos apoiar a indústria a descarbonizar através da inovação”, continuou a dirigente, apontando ainda a urgência de fazer descer os preços da energia, mobilizar investimento público e privado e melhorar o ambiente de negócios. “Precisamos de trazer mais pessoas para o mercado de trabalho e equipá-las de competências que são precisas para fazer a transição digital”, concluiu, alinhando-se com Draghi.

As conclusões do relatório serão nos próximos meses usadas para contruir um novo Clean Industrial Deal para as indústrias.

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