Bebiana Rocha
Jorge San Martin, da CLO Virtual Fashion, integrou na passada terça-feira o painel sobre criação digital de produto, organizado pelo iTechStyle Summit. Para demonstrar as potencialidades das suas ferramentas, trouxe duas imagens — uma real e outra virtual — e desafiou os presentes a identificarem-nas, com o objetivo de explicar o conceito de digital twins.
O responsável relembrou que o 3D tem tudo a ver com dados e workflows, e é por isso que a CLO aposta num ecossistema integrado, oferecendo também o CLO Set, Connect e CLO-Vise. A apresentação foi, de seguida, estruturada em várias etapas e mostrou quanto tempo de trabalho é poupado com as soluções CLO. Por exemplo, no desenvolvimento do conceito, sem o sistema CLO as empresas podem demorar até 10 dias de lead time, enquanto com CLO seriam apenas dois.
A empresa Lindex conseguiu, com a CLO, reduzir em 15% o envio de amostras físicas, o que se traduz numa poupança significativa de tempo, dinheiro e recursos. Veja-se também o exemplo da Impetus, que conseguiu poupar 150 mil euros num ano, grande parte por ter eliminado custos com fotógrafo para coleções, que passaram a ser feitas digitalmente.
João Cruz, do CITEVE, trabalha com robótica inteligente e trouxe para o painel o seu trabalho desenvolvido em colaboração com a ESI Robotics, que consiste na automatização da costura de uma t-shirt, enquadrado no WP1 do Texp@ct.
Começou por reconhecer que manusear tecidos com um robô é difícil, porque são flexíveis e perdem a forma, mas rapidamente progrediu para a apresentação de resultados avançados. A arquitetura do sistema delineada consiste numa unidade de processamento — um controlador lógico central que gere os comandos de início de costura —, criação de um robô digital com movimento rápido e repetitivo que guia o tecido com precisão, uma garra personalizada para segurar o tecido através de pressão controlada e a utilização de uma máquina de costura standard.
No final, foi passado um vídeo com o robô a costurar. O tempo de costura até agora foi de 58 segundos, sendo que a meta é atingir uma velocidade máxima de 30 segundos, um valor mais próximo da produtividade de um profissional.
A F3M também fez parte do círculo e do projeto Texp@ct. No iTechStyle Summit, propôs-se a falar sobre interoperabilidade entre empresas em diferentes sistemas, com o objetivo de reduzir desperdícios, tempos perdidos e acabar com comunicações fora de um mesmo sistema.
“A indústria trabalha em conjunto, está dispersa por vários fornecedores, mas a partilha de informação tem baixa interoperabilidade. Há muito papel, troca de emails, por isso desenhámos um sistema de comunicação mais eficiente, que conecta diferentes ERPs, entre os quais Sistrade, Infos, Inforcávado, entre outros.”
A F3M está a trabalhar no desenvolvimento de uma plataforma capaz de traduzir a informação que está no documento — que pode ser de variadíssima ordem, desde o estado de uma encomenda a uma guia de transporte.
“É fundamental no futuro garantir a continuidade da plataforma, o envolvimento das empresas de investigação, criar um modelo de subscrição e utilização dos serviços para garantir viabilidade financeira, assim como uma equipa de suporte bem pensada”, explica sobre os próximos passos.
“Este projeto é mais do que tecnologia, é capacitar a indústria para comunicar entre si, de forma mais rápida, sem erros, torná-la mais digital”, conclui.