21 maio 24
iTechStyle Summit

Bebiana Rocha

Digitalização no centro das megatendências

O painel Megatrends inaugurou o ciclo de conferências do iTechStyle Summit. Como oradores estiveram António Cunha (CCDR-N), Lutz Walter (Textile ETP), Paulo Novais (U.Minho), Thomas Häkansson (Fashionlab International AB) e Thomas Gries (RWTH Aachen University) a traçar quais são as principais tendências a marcar o sector nos próximos anos.

Transição energética e climática, desafios demográficos e disrupções tecnológicas foram as três principais mudanças identificadas por António Cunha da CCDR-Norte, com base nos documentos publicados pela Comissão Europeia. António Cunha fez uma caracterização do território que enquadra a CCDR-Norte, colocando enfase no facto do sector têxtil, na região Norte, coincidir com as zonas de produção de produtos high tech. Ou seja, o sector têxtil tem-se afirmado capaz de combinar tradição com altos níveis de complexidade.

Lutz Walter, por sua vez, traçou como desafios atuais: a substituição de matérias-primas, uma vez que dois terços das matérias-primas utilizadas pela indústria continuam a ser provenientes de fontes fósseis; seguido do uso de energias renováveis e das empresas serem capazes de produzir on demand. O representante da Textile ETP colocou a tónica ainda no facto de “produzir mais só não chega, é preciso procurar novos modelos de negócio”, e esses novos modelos devem ser assentes na sustentabilidade. “A sustentabilidade tem tudo a ver com qualidade”, proferiu no primeiro dia de iTechStyle Summit.

Lutz Walter apresentou ainda aquilo que acredita ser o caminho para conseguir que a ITV seja vista como uma indústria amiga: “precisamos de autenticidade nas nossas histórias em vez de marketing, precisamos de responsabilidade e confiança nos nossos parceiros”, disse, deixando ainda nota que agentes de curto prazo não são a melhor solução para as empresas prosperarem, “ownership” é a proposta do representante.

Paulo Novais, da Universidade do Minho, falou da entrada de um novo player: os computadores como geradores de conhecimento. O docente apresentou as vantagens e as limitações da inteligência artificial e sublinhou que é importante mantê-la ao nosso serviço, tirar proveito dela, mas não a humanizar. “A Inteligência Artificial aumenta as nossas capacidades, mas não é inteligente do ponto de vista humana, é baseada em algoritmos, não é criativa, precisa de padrões e também não é autónoma do ponto de vista humano”, disse. Paulo Novais tocou ainda no ponto das empresas terem de dar os dados – “precisamos de dados, de fazer uma organização digitalizada e transformar a informação para alimentar os algoritmos”.

 

Por último, Thomas Häkansson apresentou a sua perspetiva enquanto designer, focada nos tipos de consumidores e as experiências que eles procuram, bem como no seu percurso pelo workwear, onde deixou nota que continua a ser uma área muito conservadora. Thomas Gries, falou de bioeconomia e do seu potencial estruturante para a mudança. “A percentagem de utilização de biomassa é de 65% face ao potencial teórico de utilização”, deu conta.

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