Bebiana Rocha
Lutz Walter trouxe ao painel Megatrends do iTechStyle Summit dois cestos figurativos: um com pedras, para simbolizar os desafios, e outro com flores, para simbolizar as oportunidades – já que o copo nunca está totalmente vazio nem totalmente cheio, disse, prosseguindo – “a tecnologia é uma ferramenta, se temos um problema é importante termos uma ferramenta para o resolver”.
Há várias ferramentas para solucionar os problemas do sector têxtil e vestuário, desde a energia renovável à digitalização. O secretário-geral da Textile ETP falou de ambas. “A pegada de carbono vem da energia que usamos para transformar uma fibra numa peça de vestuário, energia essa que continua a ser de origem fóssil. O que precisamos é de usar energia limpa”, disse.
Outra forma de reduzir a pegada é eletrificar processos, sobretudo nas tinturarias. No caso das confeções, produzir on demand é uma via para assegurar que os consumidores adoram o que compram.
Na Alfândega do Porto, Lutz Walter falou esta segunda-feira do projeto Textile of the Future, destacando a digitalização como um driver crucial. “Na Europa temos de estar na linha da frente. Sei que a Inteligência Artificial não é feita na Europa, mas podemos ser líderes na sua utilização”.
O primeiro passo, sublinhou, é termos bons dados que permitam gerar bons algoritmos, sem alucinações. “Temos de medir tudo o que se passa na empresa, só com dados relevantes é que se pode tomar decisões com base em algo real”.
Defendeu ainda que a digitalização permite novos modelos de negócio, e deu o exemplo da penetração da Vinted, que é agora a vendedora de roupa número um em França.
Partiu de seguida para a economia circular, que é também uma oportunidade – inclusive a reparação de produtos. Outro segmento que encaixa no cesto das flores é a produção de têxteis técnicos. “É um mercado em crescimento. Um nicho, com utilizador específico. Vale o investimento”, ditou.
Concluiu a intervenção relembrando que a diversificação de mercados é parte do segredo para o negócio ser viável, porque nem todos os mercados vão estar constantemente a crescer. A mensagem final foi otimista e de esperança: “os mercados não estão a desaparecer, há mercados emergentes com oportunidades. A população também está a crescer. Temos de nos habituar à volatilidade porque ela não vai desaparecer, temos de nos tornar mais ágeis para assim conseguirmos entregar mais valor. Priorizar o valor é essencial, em vez da quantidade. Continuem a jogar com a inovação, a investir nas pessoas, porque o maior ativo que temos é o cérebro”.