Bebiana Rocha
Imagem: BCG
Em 2024, foram descartadas 120 milhões de toneladas de roupa – o equivalente a 200 estádios olímpicos –, segundo o estudo mais recente da Boston Consulting Group (BCG), Spinning Textile Waste Into Value. Apenas 12% deste volume foi reutilizado e 7% considerado próprio para reciclagem, enquanto os restantes 80% acabaram em aterros ou incineradoras. A BCG estima que este desperdício representa uma perda anual de 150 mil milhões de dólares em matérias-primas.
O relatório aponta como fatores principais para estes números o aumento da produção de fibras, o consumo massificado e a redução do número médio de utilizações por peça. Entre as barreiras à circularidade identificadas estão o preço mais elevado das fibras recicladas, a limitação das infraestruturas e a complexidade dos tecidos, que muitas vezes são misturas de fibras difíceis de processar de forma eficaz em escala industrial.
Apesar destes desafios, o estudo destaca oportunidades e aconselha a uma maior promoção de novas fibras recicladas, exploração de métodos de recolha e triagem mais eficientes, expansão das soluções de reciclagem para tecidos mistos e investimento em inovação, falando da importância de constituir consórcios para elevar a inovação a patamares mais altos. A BCG sublinha que marcas, investidores e consumidores também devem colaborar, incentivando a compra de peças produzidas com materiais reciclados e criando canais convenientes para o descarte responsável.
O relatório reconhece também o papel da regulação, citando como exemplo os Países Baixos, que estabeleceram metas ambiciosas de economia circular: até 2030, 75% dos têxteis colocados no mercado devem estar preparados para reutilização ou reciclagem. O objetivo é alertar para a necessidade de uma economia têxtil verdadeiramente circular, que beneficie empresas, consumidores e o ambiente. A leitura completa pode ser feita aqui.