23 abril 25
Formação

Bebiana Rocha

Delegação Holandesa reconhece a vanguarda da ITV na sustentabilidade

No passado mês de março, a região do Vale do Ave foi palco de uma intensa semana de aprendizagem prática para os estudantes da TMO – European Fashion Business School, com sede em Amesterdão. Numa iniciativa promovida em parceria com a FP Academy, foram visitadas 12 empresas da área do têxtil, vestuário e também calçado.

A visita de estudo trouxe ao país duas turmas da escola, num total de 45 alunos, com o objetivo de observarem no terreno a aplicação dos quatro semestres teóricos que tiveram, relacionados com a produção têxtil nos diferentes ramos: desde a tecelagem à estamparia, passando pela confeção de malha, têxteis-lar e denim.

“A experiência é a melhor forma de aprender. Através destas visitas e com o apoio das empresas que nos receberam, pretendíamos despertar a curiosidade dos estudantes. As visitas nunca teriam sido um sucesso sem o contributo profissional das empresas”, introduz Nabila Harboul, responsável pela organização.

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“Portugal é um país de produção de proximidade com um forte compromisso com a sustentabilidade, o que está totalmente alinhado com a nossa missão e visão enquanto universidade. Mostra dedicação e paixão num setor onde, infelizmente, predomina muitas vezes o fast fashion sem alma”, comenta com o T Jornal uma docente.

Em entrevista, ela elogia a transparência demonstrada durante toda a visita, que permitiu aos estudantes verem a realidade da ITV, perceberem a complexidade do setor, a quantidade de etapas necessárias desde a fibra até ao produto final e também ganharem respeito pelos trabalhadores.

As visitas foram marcadas por uma constante: o foco na sustentabilidade e na inovação. Por exemplo, a Valérius surpreendeu os alunos com uma introdução às fibras Circulose, Abacá e Seacell, bem como uma visita à sua unidade de reciclagem, que impressionou pela dimensão.

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Já a Petratex deixou marca pela transformação de stocks antigos em novas peças comercializáveis. As peças rejeitadas foram transformadas em novos produtos e valorizadas com acabamentos e tratamentos atuais. “Foi também a primeira vez que muitos viram o design a laser aplicado à ganga”, nota a docente.

De sublinhar que, para muitos estudantes, esta foi também a primeira vez que viram de perto processos como a estamparia digital (na Adalberto), a confeção de malhas circulares e retilíneas (na A. Ferreira & Filhos), a tecelagem (na Somelos) ou a produção de têxteis-lar (na Sorema).

“O departamento de controlo de qualidade da A. Ferreira & Filhos, com manequins iluminados usados para inspeção de peças, foi especialmente interessante. Ficamos encantados também com a produção de malhas para bebé e criança – um segmento praticamente inexistente na Holanda – que conquistou pela sua qualidade e delicadeza”, descreve.

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Já sobre a Somelos, diz que a rapidez com que as máquinas produzem padrões é fascinante. Igualmente interessante foi a visita à biblioteca da empresa, com mais de 50 anos de amostras e registos, especialmente por permitir perceber a evolução do design manual para o design digital.

Momentos de descoberta, que, segundo os próprios, foram decisivos para clarificarem os seus percursos profissionais. “Alguns colegas decidiram que o denim seria o caminho a seguir. Outros ficaram fascinados com o design de tecidos e com os arquivos históricos de padrões”, detalha em entrevista.

A concentração de empresas inovadoras num raio tão curto foi motivo de elogio da delegação holandesa. “Num espaço tão compacto conseguimos ter uma visão global do setor. Portugal tem todas as condições para ser um laboratório vivo de aprendizagem têxtil, sem dúvida voltaremos”, conclui. A FP Academy foi responsável pela coordenação da visita, que incluiu também as empresas Pizarro, Garcia & Silva e RDD Textiles.

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