Bebiana Rocha
Imagem: Smartex
A Smartex organizou, na passada semana, um encontro nos seus escritórios que reuniu investidores, marcas e representantes da indústria, com o objetivo de promover o diálogo entre todos os intervenientes e impulsionar o desenvolvimento e a prosperidade do setor têxtil e vestuário, assentes na tecnologia e na colaboração.
António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, foi o responsável por abrir o primeiro painel, onde reforçou que a competitividade é mandatária para o setor. No seu discurso, voltou a sublinhar a importância de tornar a sustentabilidade obrigatória a nível global, como forma de nivelar a concorrência entre blocos económicos. No entanto, alertou que esta já não parece ser a prioridade número um, que foi substituída pela lógica do “Drill, Baby Drill”, numa crítica implícita à crescente dependência de combustíveis fósseis.
Entre os temas estratégicos destacados, apontou a área da defesa como uma aposta relevante e urgente. “O têxtil será capaz de participar na defesa. Lembro-me do período da Covid, em que o setor desenvolveu máscaras. Esta é mais uma oportunidade para sermos úteis à comunidade”, afirmou.
Embora reconheça que moda e defesa são campos completamente distintos, e que nem todas as empresas têm o conhecimento necessário para atuar nesse segmento, incentivou uma reconversão sempre que possível. Chegou mesmo a afirmar: “menos energia para a sustentabilidade e mais energia para a defesa”.
Braz Costa sublinhou ainda a importância estratégica da indústria têxtil para o país, destacando que se trata de um setor altamente concentrado e com elevado potencial de colaboração.
A questão da escassez de mão de obra também foi debatida, com o responsável do CITEVE a identificar a falta de jovens como um dos maiores desafios. Rejeitou a ideia de que os imigrantes possam ser a solução total e defendeu antes que o caminho passa pela digitalização e automatização dos processos.
“Se não tivermos tecnologias para substituir a falta de trabalho humano, a indústria não será possível de se manter na Europa. Precisamos de empresas como a Smartex para ajudar neste processo”, sublinhou já na reta final da sua intervenção.
A mensagem final centrou-se na necessidade de cooperação dentro do setor, como chave para oferecer soluções completas e integradas. Mais uma vez, deu o exemplo da área da defesa, onde as exigências de certificação e materiais são muito elevadas e só podem ser respondidas através de uma verdadeira articulação entre empresas.