Bebiana Rocha
A Matter to Market analisou as tendências globais no consumo de fibras têxteis, tendo por base o relatório da Textile Exchange ‘2024 Materials Market Report’, do qual concluiu que o consumo global de fibras poderá crescer dos atuais 126 milhões de toneladas (2024) para 180 milhões de toneladas em 2035 – um aumento de cerca de 54 milhões de toneladas em pouco mais de uma década. Ásia e África serão os grandes motores deste crescimento, enquanto a Europa e a América do Norte podem estagnar.
A análise utiliza um modelo que cruza dados de PIB, urbanização, desenvolvimento humano e necessidades de aquecimento para estimar o consumo per capita de fibras em 19 regiões. Com base nessas variáveis, foram atribuídos índices de consumo e aplicadas taxas de crescimento, levando em conta o fenómeno de saturação dos mercados desenvolvidos.
Assim, as regiões com atuais níveis de consumo per capita mais baixos são as que mais vão impulsionar este crescimento. Segundo a publicação feita no LinkedIn, a Ásia deverá representar cerca de 69% do crescimento acima anunciado, com destaque para a zona sul e sudoeste, enquanto África contribuirá com 14%.
À América do Norte e Europa Ocidental e do Norte cabe, juntas, 7% do aumento previsto. Refira-se que a América do Norte lidera atualmente em termos de consumo per capita, com cerca de 35 kg anuais.
A única forma de garantir a competitividade é reorganizar a cadeia de valor e reposicionar a proposta de valor, focando-a mais na sustentabilidade e inovação, à semelhança daquilo que a ITV portuguesa tem feito.
Este é apenas um cenário com base em simplificações – não significa que seja uma verdade absoluta –, mas talvez seja interessante explorar como o futuro do sector têxtil passa por entender o comportamento e as necessidades dos consumidores em mercados que até agora eram menos representados.