Bebiana Rocha
As relações bidirecionais entre indústria e marcas são possíveis se trabalharmos com clientes de longa data. Esta ideia foi defendida por Dionísia Portela, sustainability manager da Confetil, durante o 26º Fórum da Indústria Têxtil. A empresa de confeção conta com clientes e fornecedores com mais de 30 anos, um motivo de orgulho para a oradora.
“Fornecemos um serviço integrado”, apontou como principal motivo para o sucesso, acrescentado de seguida o empenho da empresa em inovar. “Se queremos seguir por caminhos diferentes temos de inovar, a Confetil tem feito por acompanhar o I&D. Temos projetos de digitalização, nomeadamente na área de controlo de produção, temos também projetos em curso de ecodesign de peças já estampadas e outros de âmbito europeu com materiais de origem marinha”, apresentou à sala.
Como desafios presentes Dionísia Portela apontou vários, todos eles já conhecidos das empresas, sendo os mais evidentes o da digitalização e da sustentabilidade. “O desafio da digitalização é dos maiores para as empresas de pequena e média dimensão. As associações têm de pensar nisso, muitas vezes a única tecnologia que têm é o sistema de emitir faturas, e as grandes empresas também têm de dar o seu contributo”, disse. Continuando que “as empresas não têm equipas para responder à Due Dilligence” em plena forma, pelo que é importante unir forças.
Num tom otimista, disse acreditar que o sector irá resistir como resistiu a muitas outras crises. “Esta pode ser a mudança que todos estamos a precisar. Só há dois caminhos: Ou isto é uma oportunidade ou isto é uma oportunidade!”, ouviu-se. A representante da Confetil concordou ainda com Alberta Marimba, da Somelos, e Paulo Pereira, da AAC Têxteis, sobre a necessidade de sermos criteriosos com os clientes e existir pouco conhecimento da realidade industrial nas marcas.
Também a confeção dá formação e faz visitas guiadas com os clientes pelas instalações e parceiros para que percebam o impacto de abrir uma nova cor, quais são as consequências da escolha de um certo material em detrimento de outro, uma atitude que na sua opinião acaba por reforçar o posicionamento de Portugal como um parceiro informado, capaz de passar conhecimento, e mais uma vez fornecer um serviço que não tem como ser trocado por cêntimos.