Ana Rodrigues
Deixando para trás as perturbações pandémicas, o valor do comércio têxtil é atualmente superior aos valores pré-pandemia: mais 14% que em 2019. Em comparação com 2019, o comércio de vestuário aumentou 16% em 2022, segundo o último relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas está a abrandar.
É que, face a 2021, o comércio de vestuário abrandou o ritmo de crescimento, registando um aumento homólogo de 9% em 2022, que comparam com um crescimento de 17% em 2021 face a 2020. No ano passado, o comércio mundial cresceu apenas 12% em valor, afetado pelos custos da energia e combustíveis, face aos 27% registados no ano anterior. As indústrias manufatureiras ficaram para trás, com um aumento de apenas 7% em relação ao ano anterior.
Dos segmentos considerados na OMC, o comércio têxtil é o único que teve uma queda de valor no último ano, embora menos que em 2021. O valor total de mercadorias têxteis negociadas em 2022 foi 1% menos do que no ano anterior, apesar de em 2021 já ter caído 2% em relação aos dados extraordinários de 2020, marcados pela necessidade de produção de máscaras.
Note-se que aos aumentos moderados do valor das mercadorias, deve ser acrescentado o efeito da inflação, bem como a valorização do dólar que chegou a superar o euro.
Para este ano, o relatório aponta que o crescimento será medíocre. Os riscos não desapareceram, embora a sua intensidade seja baixa. Porém, as tensões geopolíticas, a insegurança alimentar, a instabilidade e o aperto das condições financeiras e o aumento da dívida são as principais ameaças para impedir o descarrilamento do comércio global. Prevê-se, assim, um ligeiro aumento de 1,7% em volume, após os 2,7% em 2022.