Bebiana Rocha
Imagens: Smartex
A tarde de 10 de julho, no SmartCollab 2025, iniciativa promovida pela Smartex, foi marcada por um conjunto de apresentações de parceiros que estão a transformar a indústria têxtil através da inovação e da sustentabilidade. Miguel Costa, da Colorifix, iniciou a sessão com uma viagem pelo percurso da empresa, desde a sua fundação até ao desenvolvimento de uma tecnologia biológica revolucionária para a produção de corantes.
“Tudo começou com a cor nas águas”, explicou, referindo-se à poluição associada aos métodos tradicionais de tingimento. A Colorifix recorre agora a cores identificadas na natureza, extrai o seu ADN e reproduz os pigmentos através de bactérias, num processo semelhante à fermentação da cerveja.
Esta abordagem permite uma redução significativa do impacto ambiental, com menos 80% de químicos, 77% de água, 53% de eletricidade, 71% de gás natural e 31% de emissões, para além de tempos de tingimento mais curtos – apenas uma hora e quinze minutos.
A empresa já colabora com marcas como a H&M e a Pangaia, bem como com várias unidades produtivas em Portugal.
Seguiu-se a apresentação da Solvei8, que destacou a importância do planeamento dinâmico e da resposta ágil na produção. Numa indústria marcada por alterações de última hora, o plano definido numa segunda-feira dificilmente se mantém até sexta, sendo necessário ajustar rapidamente equipas e processos.
Para responder a este desafio, a Solvei8 desenvolveu o FactoryOS, uma solução que lê os sinais da fábrica, converte-os em decisões e comunica-as automaticamente. Inclui ainda uma ferramenta de controlo de defeitos durante a inspeção.
Com este sistema, as empresas reduziram em 60% o tempo necessário para planear a produção, aumentaram a taxa de sucesso dos planos de 15% para 20% e alcançaram 96% de qualidade à primeira. Anas Shakil explicou ainda como esta tecnologia se articula com a da Smartex, conectando sinais têxteis a montante e criando um ciclo mais fechado e inteligente.
A DMIx, por sua vez, trouxe uma perspetiva centrada na precisão e na padronização digital, defendendo que “precisamos de dados e não de opiniões”. Gerd Willschütz salientou a importância de garantir uma “fonte única de verdade” em matéria de cor, acessível a todos os intervenientes da cadeia de valor, promovendo uma melhor interação entre marcas e fabricantes.
A empresa apresentou uma nova funcionalidade que permite, com recurso ao telemóvel e a condições específicas de luz, capturar e digitalizar tecidos, elevando o digital sampling a um novo patamar.
A DMIx, que celebra este ano o seu 10.º aniversário, reforça assim a sua aposta na digitalização como ferramenta para acelerar a colaboração e a eficiência no setor.
Por fim, a Resortecs encerrou a sessão com uma proposta para resolver um dos maiores desafios da circularidade têxtil: a desmontagem. Cédric Vanhoeck começou por lembrar que 78% dos produtos têxteis continuam a ser difíceis de reciclar e apresentou o Smart Disassembly Hub, um sistema industrial que permite separar materiais até 15 vezes mais depressa do que os métodos manuais, com uma recuperação altamente eficiente dos componentes.
Com soluções como a linha termossolúvel Smart Stitch™, a Resortecs já trabalha com o segmento de workwear e está agora a olhar para a indústria automóvel, convidando novas empresas a juntarem-se ao hub sediado em França.
O SmartCollab 2025 demonstrou, assim, como diferentes tecnologias — da biotecnologia ao digital, da automação à desmontagem inteligente — se articulam para construir uma nova indústria têxtil, mais sustentável, mais conectada e mais preparada para os desafios do futuro.