09 maio 25
Inovação

Bebiana Rocha

CITEVE celebra 36 anos ao serviço da competitividade do sector

O CITEVE festeja hoje os seus 36 anos de atividade. Desde 1989, o Centro Tecnológico tem-se afirmado como um pilar no desenvolvimento de soluções tecnológicas, na promoção da economia circular e na valorização do conhecimento técnico e científico. A equipa junta-se para os festejos a partir das 16h00 desta sexta-feira.

António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, afirma ao T Jornal que a ambição inicial mantém-se: ser o suporte tecnológico para a competitividade do sector têxtil e vestuário português. “Nestes 36 anos o CITEVE amadureceu, consolidou-se e conquistou o seu espaço dentro desta dinâmica de mais e mais conhecimento e coloca-o na mão das empresas.”

Na casa há 25 anos, Braz Costa diz que o CITEVE tem a missão de trabalhar em antecipação: “tem de ter a preocupação de perceber com tempo o que vai ser importante num futuro próximo”, e confessa que tem sido bem-sucedido nesta missão, com apostas e previsões que se acabam por manifestar úteis.

Em entrevista ao T Jornal, dá alguns exemplos: “O facto de o centro tecnológico têxtil ter sido pioneiro em Portugal a criar um centro de nanotecnologia é uma delas. A aposta em ciência de materiais era fundamental, era algo novo num sector que transformava matérias-primas, o CENTI está aí há 19 anos.”

Outras das apostas úteis foram os têxteis técnicos, que são do início da década de 2000 – “estamos a viver um momento muito difícil porque a China tinha entrado na Organização Mundial do Comércio e estava a colocar produtos no mercado Europeu. Portugal tinha dois cenários: um negro, em que morria 50% da indústria, e um muito negro, em que era 80%, e isso não aconteceu. Criámos o Fórum Têxteis do Futuro, durante 10 anos fizemos exposições em feiras a divulgar os têxteis técnicos produzidos em Portugal”, relembra.

Neste momento, o CITEVE presta uma panóplia de serviços ao sector, tendo por ano cerca de 2500 clientes, mas não é isso que importa à direção. “É mais importante saber que temos os serviços prontos nos momentos em que eles são necessários. Por exemplo, se olharmos para o que aconteceu durante o COVID, fomos muito rápidos a reagir e a colocar a informação na mão das empresas, que as permitiu fazer o que fizeram. Temos apostado na área da defesa vai para duas décadas. O número de empresas que trabalha para a defesa ainda é relativamente pequeno, mas quando as empresas quiserem saber como podem vender para a área da defesa, quais são as certificações, as regras a cumprir, o nosso trabalho de investigação vai permitir ajudá-las”, acrescenta.

Os exemplos são mais do que muitos, mas Braz Costa brinca que “não é bruxaria”, até porque cada vez é mais difícil prever a longo prazo. “Trabalhamos para durante o tempo todo estarmos capazes de nos adaptarmos àquilo que for necessário. Trabalhamos do lado das competências, da estrutura tecnológica, embora possa dizer que há áreas claras: os materiais e a sustentabilidade ainda têm muito por onde se trabalhar, a digitalização de processos também e daqui a 10 anos ainda vamos estar com grande atividade nessas áreas. O mundo acaba por se organizar de uma forma diferente e Portugal saberá encontrar o seu espaço competitivo, pode é precisar de ajustes”, continua o raciocínio, dando mais um exemplo prático – o luxo. As empresas têm de ser capazes de atrair cada vez mais marcas de luxo para produzirem em Portugal.

Questionado sobre o momento mais inesquecível ao longo da sua carreira no CITEVE, Braz Costa diz que foram muitos os momentos felizes que viveu. Mas aprecia especialmente uma conquista: conseguir que o CITEVE tenha uma faixa etária de trabalhadores jovem, que é neste momento de 25-30 anos.

“A faixa etária estava a subir muito, já não parecia uma pirâmide, parecia uma macieira, e nós decidimos implementar ações para mudar isso. Hoje mais de 50% da nossa equipa são jovens que ainda não tinham nascido há 36 anos, e isso tem impacto na forma como pensamos, como abordamos os problemas. Conseguimos conjugar gente louca, disruptiva, a trabalhar com pessoas com experiência. Gerações diferentes que veem o mundo real de forma diferente!”, sumariza.

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