24 Julho 2017
Internacionalização

Raposo Antunes

Capital do móvel também quer ser do têxtil

Já é conhecida como a capital do móvel. E é. Basta ver os números: mais de 5 000 empresas e um volume de facturação de 1 000 milhões de euros. Agora Paços de Ferreira quer também dar o grande salto em frente no sector têxtil. Com o apoio da autarquia, foi criada uma marca (a CopModa 1836), comum para já a mais de uma dúzia de empresas têxteis ali sediadas, para a internacionalização deste sector. O primeiro passo é já a 1,2 e 3 de Setembro com a presença de um stand de exposição na Feira de Madrid Momad.

José Vinha, director de imprensa da Câmara de Paços de Ferreira, explica que o objectivo da autarquia é ajudar um sector (o do vestuário) que no concelho tem 168 empresas, representando 21% do emprego e 1,8% das empresas de vestuário a nível nacional. “Temos aqui o 8 e o 88”, diz. O “88” é a Petratex que emprega 800 pessoas e tem como ícones o trabalho que faz para a NASA ou, noutra área, o equipamento com que competia Michael Phelps, o nadador norte-americano mais medalhado de sempre.

Já agora o “8” são empresas de uma outra escala. Executam aquilo que os clientes estrangeiros lhes pedem para fazer. “Dão apenas a mão-de-obra. O tecido e o design também são opções dessas marcas estrangeiras”, diz.

A questão que se colocou assim a esta câmara dirigida por Humberto Brito foi esta: “Se nos móveis conseguimos a internacionalização do concelho porque não fazê-lo também com o vestuário?”.

Esse upgrade começou pela criação de uma marca própria – a CopModa 1836, sendo que o Cop remete para cooperação e 1836 para o ano da fundação do concelho. Criada a marca, o passo seguinte da autarquia foi registá-la, o que já está também feito. A autarquia, de resto, responsabiliza-se também pelos custos do design dos produtos que venham a ser produzidos e pelo aluguer dos stands para participar na feiras nacionais e internacionais.

“No fundo funcionamos como uma espécie de incubadora municipal que alavanca a marca à qual uma série de empresas, que vão desenvolver e produzir o vestuário, estão associadas”, acrescenta.

“Para já, o projecto envolve 12 empresas, mas outras vão aderir para a Momad”, explica ainda José Vinha.

“Sabendo da importância do setor têxtil e do vestuário para o concelho de Paços de Ferreira e o que representa ao nível da empregabilidade, é necessário reforçar a capacidade das nossas empresas em serem vendedoras internacionais de soluções ao cliente, enquadrado num conjunto de serviços com valor, que o satisfaçam e o fidelizem”, descreve o projecto da autarquia.

“Este setor, sempre esteve sobredimensionado face às necessidades do mercado interno, pelo que a abertura externa e a vocação exportadora são uma matriz incontornável, e uma vantagem competitiva, não suficientemente valorizada e explorada em Paços de Ferreira, quando esta é uma das atividades económicas que mais emprego gera, e no que toca a exportação nacional, em 2013 a procura externa adquiriu 2,2 mil milhões de US Dólares em produtos de vestuário, posicionando Portugal no TOP25 maiores exportadores mundiais”, acrescenta.

A indústria têxtil do concelho produz para marcas de renome internacional, como Burberrys, Hugo Boss, Paul Smith, Lion of Porches, Massimo Dutti, Marie Chantal, Givenchy, Louis Vuitton, Max Mara, Golfino, Dior, Nina Ricci, entre muitas outras… , possuindo o know how, a qualidade e a experiência necessárias para uma afirmação internacional, através da criação de uma marca própria produzida pelas empresas do concelho.

A autarquia considera que lhe compete “promover e apoiar o desenvolvimento de atividades e a realização de eventos relacionados com a atividade económica de interesse municipal. Daí, e tendo em vista a internacionalização do setor têxtil e do vestuário, considerou estratégica a promoção, deste setor tanto ao nível nacional como internacional, acabando por criar a marca de vestuário CopModa 1836, com peças produzidas exclusivamente pelas empresas de Paços de Ferreira.

Para a promoção da marca CopModa 1836 realizou já um desfile na passada sexta-feira. A jovem designer Ana Cunha foi a autora da primeira colecção senhora da marca, que tem Vitória como tema, um apelo ao romântico e feminino, inspirada na era Vitoriana e interpretada à luz da atualidade, propondo uma simbiose perfeita entre os detalhes dos cortes e a leveza e simplicidade dos materiais utilizados.

A coleção Homem, proposta pelas empresas, segue uma tendência que varia entre o clássico jovem e uma linha casual chic, com uma maior versatilidade. De salientar ainda a linha de malas e calçado, fabricada em S.João da Madeira e Felgueiras.

O passo seguinte será a participação na feira MOMAD, nos próximos dias 1, 2 e 3 de setembro de 2017, a presença no evento Modtissimo, a 3 e 4 de outubro de 2017, assim como a realização de diversas iniciativas com aquele mesmo propósito.

As empresas envolvidas neste desfile de sexta-feira: Confeções TM, Youngstar, Irmãos Meireles, Crialme, Epinet e Givachoise.

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