07 fevereiro 23
Inovação

Ana Rodrigues

Cap_able cria o vestuário certo para a espionagem

Chama-se ‘Manifesto’ e é a estreia da Cap_able, start-up italiana no mundo da moda. Inclui tops, sweatshirts, calças, camisas e vestidos que exibem um padrão – “adversarial patch” – projetado através de algoritmos de inteligência artificial (IA) para confundir o sofware de reconhecimento facial.

O “adversarial patch” exibe duas possibilidades: ou as câmaras não conseguem identificar o utilizador ou pensam que o utilizador é um dos animais embutidos no padrão. O objetivo é oferecer uma escolha aos utilizadores de fornecerem ou não dados sobre si, “estamos a criar peças de vestuário que dão uma possibilidade de escolha. Não estamos a tentar ser subversivos”, explica Rachele Didero, CEO da Cap_able.

Para tal, foi necessário criar “uma mentalidade entre a engenharia e a moda”, explica a CEO, e as imagens criadas são submetidas a um sistema de deteção de objetos chamado YOLO, um dos algoritmos mais usados no software de reconhecimento facial. Já patenteado e com transição da versão digital para um padrão com versão física desenvolvido através de uma máquina de tricot computorizada, a linha de roupa ‘Manifesto’ foi confecionada em Itália com algodão egípcio.

Rachele Didero, durante o seu mestrado em que fez um intercâmbio no Fashion Institute of Technology em Nova Iorque leu sobre os inquilinos de Brooklyn lutarem contra os planos do proprietário de um prédio para instalar um sistema de reconhecimento facial e foi inspirada na necessidade de proteger os dados pessoais que criou Cap_able, em 2019.

Com um algoritmo desenvolvido e patenteado que continua a ser trabalhado para que se torne cada vez mais eficiente, a Cap_able esteve presente na edição de 2022, da Milano Design Week. Para já, as peças de vestuário funcionam 60 a 90% das vezes, porém a evolução do software que se pretende enganar pode ser muito mais rápida.

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