Bebiana Rocha
A Burel Factory abriu-se à comunidade este fim de semana para mostrar as diferentes fases que compõem o processo produtivo das suas peças. A visita enquadrou-se no evento Lãnd Wool Innovation Week, organizado pela Câmara Municipal de Manteigas e pela ADIRAM. A visita realçou que as peças mais perfeitas são feitas nas máquinas mais antigas e que é um trabalho de várias mãos. A Burel integra hoje 38 trabalhadores.
Inês foi a guia do grupo que incluía ex trabalhadores de empresas de lanifícios da região, curiosos de outros pontos do país e habitantes de Manteigas e municípios vizinhos. A responsável começou com uma contextualização da história da Burel desde a ocupação das antigas instalações da Sotave até à aquisição da Tranformadora, na Covilhã, para tinturaria e ultimação. “Aqui dentro vamos do floco da lã ao produto final” disse, mostrando as diferentes tonalidades de lã e introduzindo o novo catálogo de cores com tingimentos naturais – Botanica, passando logo de seguida para o chão de fábrica com a apresentação dos procedimentos.
A primeira fase é a cardação, “que consiste na preparação de fibras” para abri-las e colocadas de forma uniforme, explicou; seguindo-se a fiação, que “consiste na torção da mecha até ganhar resistência e tensão”, depois a urdissagem “com dois mil fios a entrar paralelamente no tear” e tecelagem “para definir padrões”.
Pelo meio foram apresentadas curiosidades como os anos das diferentes máquinas, exaltadas as experiências criativas que o Tear Porto permite, e o quão moroso é todo o processo: “precisamos de um dia e meio para preparar o tear” diz Inês.
Durante a visita ficou-se ainda a perceber o porquê de o Burel ser um material tão exclusivo: “para produzir 50 metros são precisos 30kg de lã. Sendo que em média retiramos 3kg de lã por ovelha e no final o tecido vai reduzir 40%”.
A visita continuou pela sala de corte e das linhas, onde as serzedeiras e metedeiras verificam a qualidade das peças, e onde já era possível ver alguns produtos acabados, prontos para venda na loja online. Inês destacou o ponto tridimensional e o ponto pixel, bem como o rico portefólio de cores, evidente nas prateleiras de mantas que preenchiam a sala final.
Uma tela grande com a figura da Rainha de Inglaterra e outra com uma Ovelha fizeram as delícias dos presentes, que de telefone na mão tentavam perceber através dos pedaços de burel e dos códigos de cores qual era a imagem.
A visita ficou ainda marcada pelo funcionamento da nova máquina para cardação. Também ela antiga, de origem espanhola, que depois de mais de um ano de montagens, ficou a funcionar. O objetivo é complementar o trabalho de outras três máquinas da sala ao lado, que unem o floco de lã, penteiam-no e cortam o manto.