30 dezembro 20
Exportações

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Brexit: “renascer da alfândega é a maior preocupação”, diz a ATP

Com o Brexit as exportações têxteis passam a ter uma nova alfândega e com isso uma carga de trabalhos e um novo custo de contexto. Esta é a principal preocupação para o presidente da ATP em relação ao acordo que está a ser ultimado entre Londres e Bruxelas, que, por outro lado, aplaude dois aspetos de grande importância para o têxtil. Por um lado, não vão surgir novas tarifas às exportações para o Reino Unido e, por outro, a exigência de uma dupla transformação para que os produtos sejam considerados de proveniência britânica.

O renascer da alfândega por onde os produtos exportados para o mercado britânico terão que voltar a passar “é mais uma carga de trabalhos para as empresas e um novo custo de contexto” que implicará novas obrigações financeiras, disse Mário Jorge Machado ao T Jornal. E que vai contra aquilo que a economia global precisa: “o necessário são acordos de liberalização das economias, do comércio e dos serviços”, revertendo de alguma forma o caminho “que o senhor Donald Trump decidiu empreender ao longo dos quatro anos que foi presidente dos Estados Unidos”.

De qualquer modo, o presidente da ATP – que “já esperava, mesmo que fosse no último segundo”, um acordo entre as duas partes – aplaude aquilo que, para já, se sabe do documento. E enfatiza um dos aspetos menos conhecidos desse acordo: “é muito importante que os produtos, para adquirirem nacionalidade inglesa, sejam obrigados a uma dupla transformação e não apenas a uma transformação simples”.

Ou seja, qualquer produto que entre no Reino Unido só poderá ser considerado de proveniência britânica se passar por duas transformações industriais. Esta decisão inviabiliza a entrada pelo Reino Unido de produção oriunda dos países do sudoeste asiático – impedindo assim uma concorrência desleal que seria altamente impactante para a produção têxtil nacional.

Mário Jorge Machado revelou que esta decisão ficou a dever-se à forte pressão mantida sobre a Comissão Europeia por parte da Euratex – federação têxtil europeia de cujo board o presidente da ATP faz parte.

A previsão de que não vão surgir novas tarifas às exportações para o Reino Unido é outro dos pontos que Mário Jorge Machado considera muito positivos. De algum modo, e para além da questão alfandegária, o comércio entre os países da União Europeia e o Reino Unido manter-se-á no geral exatamente no mesmo ponto em que se encontra neste momento. Mas, enfatiza o presidente da ATP, é preciso que tudo isto de que se fala passe a letra de forma no acordo de Brexit que está ainda em debate entre os dois lados do Canal da Mancha.

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