Bebiana Rocha
A Lipor organizou esta terça-feira um evento no âmbito do projeto be@t, dedicado à circularidade, que contou com a participação de António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE. Durante a sessão, o responsável destacou a importância da bioeconomia para o futuro da indústria têxtil e vestuário, lembrando que “a tendência vai ser deixar de depender de petróleo”, numa altura em que 80% da roupa é ainda feita com recurso a materiais fósseis.
Para Braz Costa, a maior fonte de matéria-prima de Portugal pode vir a ser produtos que já tiveram uma primeira vida. A reciclagem não é só resolver o problema dos aterros, mas uma fonte de matéria-prima para o sector”, frisou, sublinhando que convidou a Lipor para este projeto pelo seu “potencial de liderança” na área.
Reconheceu, contudo, que o desafio é complexo: “Uma coisa é reciclar toneladas do mesmo material, outra coisa é pegar em 14 materiais diferentes, com tratamento diferente”. Ainda assim, deixou claro que “os consumidores têm de ter produtos mais sustentáveis na estante”.
Sobre os limites à reciclagem, Braz Costa admitiu que a indústria não está motivada para perder dinheiro. “Tem de haver um preço mais próximo das matérias-primas virgens, isso consegue-se com meios automatizados para essa triagem”, afirmou, defendendo que “quero que sejam robôs onde estão pessoas”, numa referência à unidade piloto de triagem de têxteis visitada ao início da manhã. Também a retirada de acessórios “tem de ser automática”, acrescentou.
O responsável defendeu ainda a criação de “um sistema justo de responsabilidade alargada do produtor” e reforçou que “a linha da bioeconomia em paralelo com a circularidade vai continuar e Portugal não pode perder a liderança. Só assim o país consegue um sector têxtil competitivo e com boas carreiras técnicas”.