04 novembro 25
Eventos

Bebiana Rocha

Bootcamp da ATP mostrou aplicações práticas da IA para o setor têxtil

A ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal promoveu, no passado dia 30 de outubro, no âmbito do projeto Digi4Fashion, um Bootcamp dedicado à inteligência artificial (IA), que reuniu mais de 40 participantes do setor no edifício da Caixa Agrícola, em Vila Nova de Famalicão. A iniciativa, conduzida por Márcia Santos, fundadora da AI-TREINO e professora no Iscte e na Universidade Lusófona, e por Edgar Francisco, formador em inteligência artificial e Power BI e professor na área das tecnologias de informação, teve como objetivo mostrar de forma prática como a IA pode apoiar as empresas na melhoria de processos, aumento da produtividade e reforço da competitividade.

Na sessão de abertura, Edgar Francisco destacou o impacto da tecnologia nas organizações: “Já não havia algo tão interessante como a inteligência artificial na área da informática há muito tempo. Veio dar uma disrupção brutal nas empresas e nos negócios.” A formação centrou-se numa abordagem prática, com demonstrações e exercícios que permitiram aos participantes criar avatares, chatbots, relatórios, catálogos e apresentações, entre outras aplicações, mostrando que a IA está cada vez mais acessível e integrada na gestão empresarial.

Os formadores explicaram que, apesar de a inteligência artificial existir há décadas, o salto qualitativo recente reside na capacidade de aprendizagem autónoma das máquinas, no comportamento cada vez mais semelhante ao humano e na possibilidade de interação através de linguagem natural. Ao longo do dia, foram discutidas aplicações concretas da IA em áreas como a formação e integração de colaboradores, a antecipação de dependências na cadeia de abastecimento, o apoio às exportações através de traduções automáticas, a extração de dados de faturas, a gestão de talento e a elaboração de manuais de procedimentos e propostas comerciais.

Foi ainda introduzido o conceito de GEO (Generative Engine Optimization), apontado como uma evolução do tradicional SEO. Segundo os formadores, as empresas passam a ter de “convencer o agente de IA” – e não apenas o motor de busca – de que o seu produto é a melhor escolha. Entre as ferramentas exploradas destacaram-se Zapier, Perplexity, Gemini, Copilot, Nano Banana, Google AI Studio, Gamma, NotebookLM, Heygen e Google Meet com tradução em tempo real, exemplificando o leque de recursos já disponíveis para otimizar tarefas no setor.

“A IA é um assistente; nós temos de ser os managers e verificar as informações dadas”, alertou Edgar Francisco, sublinhando a necessidade de definir políticas de utilização, anonimizar dados pessoais e validar a informação gerada, dado que os sistemas podem apresentar dados desatualizados ou incorretos, especialmente em áreas como a jurídica.

A tarde foi dedicada a uma introdução ao Power BI, apresentado como uma ferramenta mais intuitiva do que o Excel, capaz de criar dashboards, gerar alertas automáticos e acompanhar indicadores de desempenho em tempo real. A sua aplicação prática permite, por exemplo, monitorizar vendas e produtividade das máquinas, ajudando na tomada de decisão com base em dados visuais e atualizados.

O feedback dos participantes foi muito positivo. Na generalidade, os profissionais consideraram o Bootcamp útil e aplicável à realidade das empresas, destacando a qualidade e atualização dos formadores, bem como a clareza, dinamismo e interatividade da sessão. A realização de exercícios práticos ao longo do dia contribuiu para um maior envolvimento do grupo, proporcionando também momentos de partilha e networking, sobretudo durante o almoço.

A ação foi considerada um exemplo a repetir, com várias empresas a sugerirem uma segunda edição, desta vez com maior enfoque nas aplicações da inteligência artificial no chão de fábrica, reforçando o interesse crescente do setor em integrar a tecnologia nos processos produtivos e preparar-se para a transformação digital em curso.

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