07 julho 25
Empresas

Bebiana Rocha
Imagem: Egídio Santos

Augusto Mateus: “A cabeça das pessoas é uma fortíssima capacidade competitiva”

Augusto Mateus, economista e keynote speaker do 27.º Fórum da Indústria Têxtil, centrou a sua intervenção numa análise histórica e estratégica do setor. Desde logo, destacou o papel dos empresários, afirmando que “a cabeça das pessoas é uma fortíssima capacidade competitiva”, elogiando a inteligência, o dinamismo e a visão do setor.

Ao longo da apresentação, deixou vários apontamentos chave. Entre eles, a constatação de que “Portugal ainda não foi capaz de estabelecer um modelo de laboração contínua”, algo que considera essencial para a competitividade de uma indústria intensiva em capital.

Lembrou ainda que “a economia começa nas necessidades humanas”, sublinhando que a crescente longevidade da população conduzirá inevitavelmente a um crescimento desmesurado dos serviços. Nesse contexto, afirmou: “o país terceirizou-se no consumo, mas não na produção”, apontando para a importância de valorizar áreas como a logística — parte integrante da fileira têxtil e frequentemente subestimada. A Zara, exemplificou, prova como a logística é determinante, sendo ela que permite a renovação constante das coleções nas lojas, semana após semana.

Augusto Mateus defendeu também que Portugal deve reencontrar-se naquilo que a indústria têxtil faz e apelou a uma maior cooperação entre empresas para que ganhem escala e capacidade de realizar projetos de maior dimensão. Sublinhou que melhorar a qualidade do investimento é hoje um objetivo que vai muito além da simples modernização: exige visão, estratégia e ambição.

No decorrer da sua intervenção, deixou ainda críticas à mediocridade dos principais responsáveis políticos e partilhou a sua convicção de que “não vai haver reindustrialização na Europa”.

A sua apresentação foi acompanhada por diversos gráficos, que ilustraram a evolução do setor ao longo do tempo, incluindo a evolução do Valor Acrescentado Bruto (VAB), que considerou essencial analisar e continuar a fazer crescer.

Terminou reconhecendo a inteligência coletiva do setor e deixando um apelo claro: há vidas para valorizar.

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